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Folha de S.Paulo

Galpão do Folias faz cinco anos e ganha cineclube

11.4.2005  |  por Valmir Santos

São Paulo, sábado, 11 de abril de 2005

TEATRO 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Publicações dedicadas ao teatro contemporâneo ganharam novas edições no fim de 2005 e neste começo de ano no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Iniciativa do grupo carioca Teatro do Pequeno Gesto, a revista “Folhetim” nº 22 é dedicada ao projeto “Convite à Politika!”, organizado ao longo do ano passado. Entre os ensaios, está “Teatro e Identidade Coletiva; Teatro e Interculturalidade”, do francês Jean-Jacques Alcandre. Trata da importância dessa arte tanto no processo histórico de formação dos Estados nacionais quanto no interior de grupos sociais que põem à prova sua capacidade de convivência e mestiçagem.
Na seção de entrevista, “Folhetim” destaca o diretor baiano Marcio Meirelles, do Bando de Teatro Olodum e do Teatro Vila Velha, em Salvador.
O grupo paulistano Folias d’Arte circula o sétimo “Caderno do Folias”. Dedica cerca de 75% de suas páginas ao debate “Política Cultural & Cultura Política”, realizado em maio passado no galpão-sede em Santa Cecília.
Participaram do encontro a pesquisadora Iná Camargo Costa (USP), os diretores Luís Carlos Moreira (Engenho Teatral) e Roberto Lage (Ágora) e o ator e palhaço Hugo Possolo (Parlapatões). A mediação do dramaturgo Reinaldo Maia e da atriz Renata Zhaneta, ambos do Folias.
Em meados de dezembro, na seqüência do 2º Redemoinho (Rede Brasileira de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral), o centro cultural Galpão Cine Horto, braço do grupo Galpão em Belo Horizonte, lançou a segunda edição da sua revista de teatro, “Subtexto”.
A publicação reúne textos sobre o processo de criação de três espetáculos: “Antígona”, que o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) estreou em maio no Sesc Anchieta; “Um Homem É um Homem”, encenação de Paulo José para o próprio Galpão, que estreou em outubro na capital mineira; e “BR3”, do grupo Teatro da Vertigem, cuja previsão de estréia é em fevereiro.
Essas publicações, somadas a outras como “Sala Preta” (ECA-USP), “Camarim” (Cooperativa Paulista de Teatro”) e “O Sarrafo” (projeto coletivo de 16 grupos de São Paulo) funcionam como plataformas de reflexão e documentação sobre sua época.
Todas vêm à luz com muito custo, daí a periodicidade bamba. Custo não só material, diga-se, mas de esforço de alguns de seus fazedores em fomentar o exercício crítico, a maturação das idéias e a conseqüente conversão para o papel -uma trajetória de fôlego que chama o público para o antes e o depois do que vê em cena.
Folhetim nº 22
Quanto: R$ 10 a R$ 12 (114 págs)
Mais informações: Teatro do Pequeno Gesto (tel. 0/xx/21/2205-0671; www.pequenogesto.com.br)
Caderno do Folias
Quanto: R$ 10 (66 págs)
Mais informações: Galpão do Folias (tel. 0/xx/11/3361-2223; www.galpaodofolias.com)
Subtexto
Quanto: grátis (94 págs; pedidos por e-mail: cinehorto@grupogalpao.com.br)
Mais informações: Galpão Cine Horto (tel. 0/xx/31/3481-5580; www.grupogalpao.com.br)

Na semana em que comemora os cinco anos de sua sede, o galpão da rua Ana Cintra, em Santa Cecília, o grupo Folias D’Arte, 10, apresenta duas peças do repertório, promove intercâmbio com cinema e debate a cena contemporânea em São Paulo.

O Galpão do Folias funciona desde 14 de abril de 2000. Esse antigo depósito fora cedido em empréstimo pela fundação Conrad Wessel por três anos, desde 1998, período dedicado à reforma.

“[O galpão] é parte da paisagem do teatro paulista que interessa e vem se configurando desde a última década do século passado, caracterizada por espetáculos que refletem sobre nossas misérias”, diz a pesquisadora Iná Costa (USP), que mediará a mesa-redonda “Teatro e Atualidade” na próxima quarta, às 20h, com Cia. do Latão, Fraternal Cia. de Arte e Malas-Artes e Ágora – Centro para Desenvolvimento Teatral.

A semana de comemoração abre hoje, às 20h30, com a exibição do curta “Batimam e Robim” (1992), de Ivo Branco, sobre dois marginais da periferia que se refugiam num galpão abandonado. Trata-se do novo Cine Folias, cineclube gratuito para as noites de segunda-feira.

Amanhã, às 21h, será encenado “Cantos Peregrinos”, musical encenado pelo Folias em meados dos anos 90, com texto de José Antônio de Souza e direção de Marco Antonio Rodrigues.

De quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h, segue em cartaz o espetáculo “El Dia que Me Quieras”, de José Ignácio Cabrujas, também direção de Rodrigues.



Galpão do Folias – 5 Anos

Quando:
 de hoje a domingo
Onde: Galpão do Folias (r. Ana Cintra, 213, Santa Cecília, região central, tel. 3361-2223). www.galpaodofolias.com/.
Quanto: grátis (cineclube e mesa-redonda) e R$ 20 (“Cantos Peregrinos” e “El Dia que Me Quieras”)
 

 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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