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Folha de S.Paulo

Gero Camilo enfoca as variantes da paixão

27.7.2006  |  por Valmir Santos

São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2006

TEATRO 
Ator cearense estréia hoje “Cleide Eló e as Pêras” no Sesc Avenida Paulista 

Após “Aldeotas”, o também dramaturgo monta trilogia de peças curtas com depoimentos de quem ama com intensidades diferentes 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Gero Camilo balança prosa e poesia em suas narrativas para o teatro, como se viu em “A Procissão” (1997) e “Aldeotas” (2004). O curioso é que parte de sua dramaturgia ganha asas próprias por via do livro independente que o ator e autor lançou em 2002, “A Macaúba da Terra” (edição esgotada). 

Daquelas folhas, já foram à cena parte dos contos de “As Bastianas” (2003), pela Cia. São Jorge de Variedades, e parte das peças curtas de “Entreatos” (2004), por Ivan Andrade. 

É de “Entreatos” que jorram mais três peças curtas de Camilo: “Cleide Eló e as Pêras” estão umbilicadas pelo título, sem vírgula, no espetáculo que entra em cartaz hoje no Sesc Avenida Paulista. Camilo contracena com Paula Cohen em sua trilogia, um pequeno e pungente tratado “dos arquétipos da paixão”, os pontos de vista do amado e do amante, por acaso “nem longe nem perto, ao alcance”. 

“Cleide” e “Eló” são depoimentos de quem ama os respectivos personagens-título. Na primeira peça, um homem deita seu amor por ela, pleno em lirismo. Na segunda, uma mulher rasga-se por ele com entrecho mais trágico. 

Segundo Camilo, são textos que tratam das variantes da paixão, a que arrebata pela poesia e a incontrolável, que não cabe no espaço da vida a dois. 

“São intensidades e projeções que a paixão provoca no coração de quem sente, nem sempre no de quem recebe”, diz o ator. 

Em “As Pêras”, por fim, dá-se o encontro de Cleide e Eló, os seres amados que transitam pela consciência e também se vêem insatisfeitos. “Alguém sempre está amando e alguém sempre recebe tal afeto. Claro que a troca é fundamental, mas ela não acontece na mesma intensidade.” 

Quem assina a direção é o também ator Gustavo Machado, da mesma turma que Camilo e Cohen nos tempos de formação na USP.



Cleide Eló e as pêras 
Quando:
estréia hoje, às 21h; de qui. a dom., às 21h; até 20/8 
Onde: Sesc Avenida Paulista (av. Paulista, 119, Paraíso, tel. 3179-3700) 
Quanto: R$ 15

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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