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Folha de S.Paulo

Peça tem o olhar esteta de Antunes

4.1.2007  |  por Valmir Santos

São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

TEATRO

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Luz, contra-luz, sombra e imagem em corte seco são recursos que Antunes Filho maneja com muita inspiração em seu “Vestido de Noiva” para a TV, de 1974. 

A obra de Nelson Rodrigues (1943), clássico da dramaturgia brasileira, também o é do teleteatro produzido nos anos 60 e 70, como se vê no destaque da série “Antunes Filho em Preto e Branco”, na TV Cultura. 

Das precárias condições técnicas da época emerge uma sofisticada concepção estética. Ao expressionismo latente -planos da realidade, memória e alucinação-, Antunes funde sua condição de devoto da poética cinematográfica, ele que vinha de dirigir o filme-único “Compasso de Espera” (1970). 

O preto-e-branco parece convir aos abcessos psicológicos, ao tom fantasmagórico de algumas cenas; pêndulo das marchas nupcial e fúnebre que ecoam no casarão cenográfico (alpendres, janelões, escadas, espelhos etc). Zela-se ainda pela interpretações, Lilian Lemmertz (1938-1986) e Nathália Timberg à frente, como Alaíde e Madame Clessi, respectivamente, divas carnais e espirituais dessa história de amor (e morte) de duas irmãs pelo mesmo homem, mas não só. No final, a atriz Denise Weinberg, o diretor Marco Antônio Braz e a pesquisadora Cristina Brandão dão pistas fundamentais desse marco da TV.



Vestido de noiva
Quando:
hoje, às 22h40 
Onde: Cultura 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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