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Folha de S.Paulo

Cidade em cena

25.3.2008  |  por Valmir Santos

São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

TEATRO 
Um dos principais grupos paulistanos, o Teatro da Vertigem prepara intervenção em um túnel para pedestres no centro de São Paulo 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local

O grupo de teatro que já criou peças em igreja, hospital, presídio e até sobre o leito do rio Tietê agora vai ao asfalto. Uma passagem subterrânea na agitada praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, é o local escolhido para o novo trabalho do Teatro da Vertigem.
A intervenção cênico-urbana “A Última Palavra É a Penúltima” estréia em 12/4 na área do túnel para pedestres sob a rua Xavier de Toledo, entre os prédios do shopping Light e das Casas Bahia (antigo Mappin).
O diálogo com a cidade ganhou novos contornos para o grupo desde “BR-3”, em 2006, espetáculo apresentado num trecho do rio Tietê. Do barco em que era conduzido, o público acompanhava cenas no leito, nas margens e nos convés. Foi a primeira experiência em espaço aberto. Agora, a idéia é levar mais ao pé da letra o que já se prenunciava intervenção.
Para isso, o Vertigem experimenta outras linguagens e busca aliados. O projeto acontecerá em parceria com as companhias Zikzira Teatro Físico, de Belo Horizonte, voltada a experimentos em dança-teatro, e a peruana La Otra Orilla (LOT), de Lima, dedicada a performances urbanas.
O ponto de partida foi o próprio desgaste que a companhia sofreu -e pelo qual quase acabou- no final abrupto da temporada de “BR-3” no Tietê -apenas dois meses e meio. Pesou a falta de recursos para manter a complexa estrutura de produção.
Soa paradoxal, mas esse quadro de exaustão passou a ser positivo com a descoberta do livro “O Esgotamento” (L’Épuisé, 1992), do filósofo francês Gilles Deleuze. Ao analisar peças de Samuel Beckett para a TV, ele acredita, em suma, que é possível criar nesse estado de cansaço, de vazio.
“O encontro das três companhias e o espaço é que vai gerar esse campo de experimentação. Não temos nada pré-definido, a não ser o texto como estímulo teórico. Partimos agora para uma reflexão mais artística, mais intuitiva”, afirma o desenhista de luz Guilherme Bonfanti, 51

O grupo de teatro que já criou peças em igreja, hospital, presídio e até sobre o leito do rio Tietê agora vai ao asfalto. Uma passagem subterrânea na agitada praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, é o local escolhido para o novo trabalho do Teatro da Vertigem.

A intervenção cênico-urbana “A Última Palavra É a Penúltima” estréia em 12/4 na área do túnel para pedestres sob a rua Xavier de Toledo, entre os prédios do shopping Light e das Casas Bahia (antigo Mappin).

O diálogo com a cidade ganhou novos contornos para o grupo desde “BR-3”, em 2006, espetáculo apresentado num trecho do rio Tietê. Do barco em que era conduzido, o público acompanhava cenas no leito, nas margens e nos convés. Foi a primeira experiência em espaço aberto. Agora, a idéia é levar mais ao pé da letra o que já se prenunciava intervenção.

Para isso, o Vertigem experimenta outras linguagens e busca aliados. O projeto acontecerá em parceria com as companhias Zikzira Teatro Físico, de Belo Horizonte, voltada a experimentos em dança-teatro, e a peruana La Otra Orilla (LOT), de Lima, dedicada a performances urbanas.

O ponto de partida foi o próprio desgaste que a companhia sofreu -e pelo qual quase acabou- no final abrupto da temporada de “BR-3” no Tietê -apenas dois meses e meio. Pesou a falta de recursos para manter a complexa estrutura de produção.

Soa paradoxal, mas esse quadro de exaustão passou a ser positivo com a descoberta do livro “O Esgotamento” (L’Épuisé, 1992), do filósofo francês Gilles Deleuze. Ao analisar peças de Samuel Beckett para a TV, ele acredita, em suma, que é possível criar nesse estado de cansaço, de vazio.

“O encontro das três companhias e o espaço é que vai gerar esse campo de experimentação. Não temos nada pré-definido, a não ser o texto como estímulo teórico. Partimos agora para uma reflexão mais artística, mais intuitiva”, afirma o desenhista de luz Guilherme Bonfanti, 51 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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