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Reportagem

Eixos curatoriais dominam paralela Fringe

27.3.2014  |  por Maria Eugênia de Menezes

Foto de capa: Rodrigo Ferreira

Na mostra paralela do Festival de Curitiba, o Fringe, sempre foi possível encontrar criações de todas as regiões do País. Mas o que 2014 parece trazer de novidade é a organização de várias dessas obras em representações estaduais, com curadoria e financiamentos próprios. Até o dia 6, o público terá a oportunidade de conferir três mostras especiais dedicadas a esse segmento: a mostra Baiana, o ESemCena e a mostra Ademar Guerra.

É a primeira vez que São Paulo se organiza para trazer exemplares da produção do interior do Estado. Criado há 17 anos, o programa Ademar Guerra tem como intenção qualificar os grupos que atuam fora da região metropolitana. Cerca de 90 cias., em 80 cidades, recebem assessoria de monitores especializados. Para a vinda a Curitiba, o curador do projeto, o diretor Sergio Ferrara, escolheu nove espetáculos. “Os trabalhos selecionados de monstram a pluralidade de caminhos com que esses artistas trabalham”, comenta Ferrara. “Também são grupos que estão em estágios de amadurecimento diferentes.”

Na seleção, há obras como Histórias lá da serra. Trata-se da produção de um grupo jovem – Os Anônimos da Arte, de Botucatu, surgiram em 2012 – interessado em investigar questões da identidade caipira. Na outra ponta, existem criadores em busca de uma linguagem contemporânea. É o caso de Casa de bonecas, uma recriação do clássico de Henrik Ibsen, que utiliza apenas as rubricas do texto original.

‘Casa de bonecas’ com Os Bárbaros, de Prudente (SP)

Para os organizadores do ESemCena estar no maior festival do País pode ajudar a revelar a produção do Espírito Santo, praticamente desconhecida fora de suas fronteiras. “Faltava visibilidade a esses grupos. Por isso a ideia de romper as barreiras do Estado”, diz Wesley Telles, organizador da proposta, que é patrocinada pelo MinC. Além da capital paranaense, a mostra da produção teatral capixaba já passou Por Salvador e São Luís. Em abril, eles seguem para Belo Horizonte e, em setembro, Desembarcam em São Paulo. Brasília e Rio também estão no mapa.

Entre os cinco títulos selecionados há criações da capital e do interior – sempre capitaneadas por companhias com longas trajetórias. “Além de trazer reconhecimento, a vontade é oferecer estímulos a esses artistas para que continuem produzindo”, observa Telles. Em 2013, a Bahia despontou no Fringe trazendo uma seleta de sua produção. O Estado repete a dose nesta edição, buscando divulgar ainda mais a cena local e também promover intercâmbios entre artistas. As apresentações devem acontecer em dois teatros e em praça pública. Quem assina a curadoria dos seis espetáculos selecionados é o ator Lázaro Ramos.

.:. A repórter viajou a convite do festival.

.:. Publicado originalmente em O Estado de S.Paulo, Caderno 2, p. C11, em 27/3/2014.

23º Festival de Teatro de Curitiba
Quando: Até 6/4.
Quanto? R$ 60. Mostra paralela/Fringe: de entrada franca a R$ 60. Mais informações, aqui.

Crítica teatral, formada em jornalismo pela USP, com especialização em crítica literária e literatura comparada pela mesma universidade. É colaboradora de O Estado de S.Paulo, jornal onde trabalhou como repórter e editora, entre 2010 e 2016. Escreveu para Folha de S.Paulo entre 2007 e 2010. Foi curadora de programas, como o Circuito Cultural Paulista, e jurada dos prêmios Bravo! de Cultura, APCA e Governador do Estado. Autora da pesquisa “Breve Mapa do Teatro Brasileiro” e de capítulos de livros, como Jogo de corpo.

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