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Reportagem

Cia. Brasileira: obra em progresso com franceses

5.4.2014  |  por Helena Carnieri

Foto de capa: Divulgação

Depois de esgotar ingressos em poucos dias na mostra principal de 2013 com Renata Sorrah em Esta criança, a curitibana Cia. Brasileira de Teatro inova neste Festival com a apresentação de um espetáculo inacabado. Nus, ferozes e antropófagos, com sessões neste sábado e domingo no Teatro do Paiol, é resultado da parceria entre o grupo dirigido por Marcio Abreu e os coletivos Jakart/Mugiscué e Centro Dramático Nacional de Limousin.

O que será apresentado é uma sequência de cenas, com relação entre si, num total de cerca de uma hora e meia de duração. “Mas ainda não está nem próximo do definitivo”, avisa Marcio Abreu. Apesar de chamar as sessões do Festival de ensaio aberto, ele não pretende interromper os atores em ação. A direção é compartilhada por ele com Pierre Pradinas e Thomas Quillardet.

A pesquisa conjunta começou com o mote do “olhar sobre o outro”. “Esse olhar passa pela cultura, a língua, as relações sociais, fatos mais concretos e pela memória”, contou Abreu à Gazeta do Povo.

Uma das cenas, por exemplo, tem relação com a memória coletiva sobre Brasil e França; outra não tem qualquer texto – todos são trechos ainda em elaboração que servirão de base para a escritura final do texto, também obra dos três diretores.

O trabalho conjunto já dura quase dois anos. Com a chegada dos franceses a Curitiba, dia 27 de março, os artistas iniciaram a quinta residência de criação, na sede da Brasileira, no Largo da Ordem, na região central curitibana.

Com ensaios diários de manhã e à tarde, o grupo conta ter avançado bastante nesta etapa, que serviu para realmente levantar cenas concretas a partir dos textos trabalhados anteriormente.

Nova criação da Cia. Brasileira tem ensaios abertos

Os demais encontros ocorreram assim, com poucos dias à disposição e uma mostra ao público na França. Dessa vez, para que o grupo pudesse apresentar um resultado um pouco mais elaborado, as datas de apresentação durante o festival foram fixadas para os dois últimos dias do evento – proporcionando tempo de ensaio ao elenco de dez atores.

Depois desta etapa curitibana, a estreia da peça completa acontece em Limoges, na região central França, dia 13 de maio. Uma turnê por Paris e pelo interior francês também está prevista. Já os brasileiros terão de esperar para ver o resultado, ainda sem previsão de exibição por aqui.

Estreias

As outras duas estreias de hoje para as quais ainda há ingressos na mostra principal navegam pela política e nonsense.

Escrita por Alcione Araújo e adaptada e dirigida por Inez Viana a produção carioca Nem mesmo todo o oceano apresenta uma narrativa passada durante os anos de chumbo, em que um personagem crédulo é cooptado pelo regime. A encenação usa um palco minimalista, que põe no foco o trabalho dos homens em cena.

Estreia nacionalmente hoje, no Teatro Bom Jesus, o capítulo Pesadelo da Trilogia dos Sonhos, da carioca Sala Escura. A trama é bastante ligada ao nonsense de Lewis Carroll e Tim Burton: uma mulher percebe que seu corpo sumiu, restando-lhe apenas a cabeça. Decide então raptar um homem para torná-lo seu igual e acabar com sua solidão.

.:. Mais informações no site do Festival de Teatro de Curitiba, aqui.

.:. Publicado originalmente na Gazeta do Povo, Caderno G, p. 6, em 5/4/2014.

Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná, instituição onde cursa o mestrado em estudos literários, com uma pesquisa sobre A dama do mar de Robert Wilson. Cobre as artes cênicas para a Gazeta do Povo, de Curitiba, há três anos. No mesmo jornal, já atuou nas editorias de economia e internacional.

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