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Reportagem

Vida e obra do ‘velho safado’

20.7.2014  |  por Fábio Prikladnicki

Foto de capa: Jéssica Barbosa

O velho safado voltará a dar as caras no palco. Autor adaptado recorrentemente no teatro, o norte-americano nascido na Alemanha Charles Bukowski (1920–1994) será vivido pelo experiente ator Roberto Oliveira, que também dirigirá a montagem.

Produção do Depósito de Teatro, companhia que completa 18 anos, Bukowski — histórias da vida subterrânea foi viabilizada com o Prêmio de Incentivo à Pesquisa em Artes Cênicas do Teatro de Arena de Porto Alegre, onde o espetáculo estreia estreou na sexta-feira (18/7). Em 1988, o escritor havia sido representado por Zé Adão Barbosa na peça Memory motel, com direção de Humberto Vieira, atuação que valeu um Prêmio Açorianos.

Não é difícil entender o contínuo apelo do autor. Com uma literatura fortemente autobiográfica, em que figuram relatos de teor sexual, pontuados por uma visão cínica do mundo e muita bebedeira, Bukowski segue lido pelas novas gerações. A editora L&PM já vendeu 500 mil exemplares de seus livros em cinco anos e planeja novos títulos. No segundo semestre, será lançada a Miscelânea septuagenária, com poemas, contos e outros textos. Entre o final do ano e o início de 2015, virão duas antologias de poesia: Burning in water, drowning in flame e The people look like flowers at last (ambas ainda sem título em português).

Baseada em diversas obras assinadas por Bukowski, especialmente o romance Mulheres, a peça do Depósito de Teatro se debruça sobre a biografia do autor e de seu alter ego Henry Chinaski, com foco nas relações turbulentas com grandes amores, interpretados por Aline Armani Picetti, Elisa Heidrich, Francine Kliemann e Pitti Sgarbi. Marcelo Johann completa o elenco. Fã do autor desde a juventude, Roberto Oliveira acalenta o projeto há mais de 20 anos:

“Bukowski sempre dizia que sua literatura é autobiográfica, não tínhamos como escapar desse foco. Pegamos suas grandes paixões e as colocamos em cena. Mas hoje não sabemos a que ponto seus relatos são 100% verdadeiros ou não”, afirma.

Para 2015, o Depósito de Teatro cogita voltar a alugar uma sede, como fez no passado. Desde 2009, a companhia ocupa uma sala na Usina do Gasômetro dentro do projeto Usina das Artes. Os próximos trabalhos serão para o público infantil: um deles voltado para o uso consciente da água e outro inspirado em Alice no país das maravilhas.

.:. Texto originalmente publicado na versão digital do jornal Zero Hora, seção Entretenimento, em 17/7/2014.

Serviço:

Onde: Teatro de Arena (Avenida Borges de Medeiros, 835, Centro, Porto Alegre, tel. 51 3226-0242)
Quando: Sábado e domingo, às 20h. Até 17/8.
Quanto: R$ 10 a R$ 30.

Ficha técnica:
Adaptação e direção: Roberto Salerno de Oliveira
Com: Roberto Oliveira, Elisa Heidrich, Marcelo Johann, Francine Kliemann, Pitti Sgarbi e Aline Armani Picetti
Iluminação: Fabiana Santos
Trilha sonora: Arthur de Faria
Produção executiva: Joice Rossato
Assistente de direção: Isandria Fermiano
Assessoria de comunicação: Liane Strapazzon
Produção geral: Depósito de Teatro

Jornalista e doutor em Literatura Comparada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É setorista de artes cênicas do jornal Zero Hora, em Porto Alegre (RS). Foi coordenador do curso de extensão em Crítica Cultural da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS). Já participou dos júris do Prêmio Açorianos de Teatro, do Troféu Tibicuera de Teatro Infantil (ambos da prefeitura de Porto Alegre) e do Prêmio Braskem em Cena no festival Porto Alegre Em Cena. Em 2011, foi crítico convidado no Festival Recife de Teatro Nacional.

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