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Reportagem

Dez anos de Palco Giratório gaúcho

28.4.2015  |  por Michele Rolim

Foto de capa: Guto Muniz

Considerado um dos maiores eventos da capital, o Festival Palco Giratório Sesc-Poa chega à sua 10ª edição, entre 8 e 31 de maio, com uma programação voltada ao teatro, à dança, ao circo e às intervenções urbanas. Os ingressos custam entre R$ 7,00 e R$ 20,00 e a venda começou sexta-feira (24/4). Serão apresentadas mais de cem ações artísticas e formativas. Ao todo, 46 espetáculos encenados por 42 companhias de 13 diferentes estados, entre eles: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Segundo a coordenadora e curadora do evento, Jane Schoninger, a programação está bem diversa e oscila com diferentes focos.

De uma maneira mais tímida, em relação ao ano passado, um dos focos desta edição privilegia mostras de repertórios na programação, ainda que sejam apenas desdobramentos. Destaque para a Cia. Hiato (SP) e o Grupo Espanca! (MG).

A Cia. Hiato, que chamou atenção na cena contemporânea por uma dramaturgia sofisticada e provocativa, traz duas peças que partiram das próprias biografias dos atores com direção de Leonardo Moreira: Ficção (12 e 13/5) e O jardim (14 e 15/5) – vencedora do Prêmio Shell de melhor autor. A peça Ficção 2, que fecha a trilogia, acabou ficando de fora por motivos de agenda da companhia, conforme explica Jane.

Também vêm duas peças de repertório do Grupo Espanca!, expoente do teatro mineiro que celebra 10 anos, o mais recente trabalho do grupo, Dente de leão (20 e 21/5), com direção de Marcelo Castro – já que a diretora e cofundadora Grace Passô deixou o grupo em 2013; e Congresso internacional do medo (23 e 24/5), primeira montagem do coletivo a trilhar caminhos políticos.

Outro ponto de discussão de grande relevância no festival é a acessibilidade nas artes. A temática está presente nos espetáculos O som das cores (26/5), da Catibrum Teatro de Bonecos (MG); Proibido elefantes (22/5), da Companhia Gira Dança (RN); e Avental todo sujo de ovo (18/5), do Grupo Ninho de Teatro (CE).

Também estão entre os destaques nacionais duas tragédias: Trágica.3 (9 e 10/05, vencedor do Prêmio Shell de melhor atriz e figurino) – com atuação de Letícia Sabatella, Miwa Yanagizawa e Denise Del Vecchio, e direção de Guilherme Leme; e o musical Edypop (23/05), com a atriz Letícia Spiller. Além da peça Antes da chuva (15/05), da Cia Cortejo, vencedora do Prêmio Shell de melhor direção.

A programação deste ano terá elogiados grupos do estado, como Depósito de Teatro, Teatro Sarcáustico, Térpsi Teatro de Dança, Cia. Teatro ao Quadrado e Circo Teatro Girassol – que estreará três espetáculos no festival: Chocola’j (19/05), Brinco de princesa e Nem tudo pode ser perfeito… (ambos no dia 20/05), além do premiado espetáculo Um dia assassinaram a minha memória, com direção de Decio Antunes (14 a 16 e 21 a 23/5). A maioria das produções já foi vista na cidade, com grande repercussão de público e de crítica.

Direção de Decio Antunes para a Jogo de Cena Cia.Claudio Etges

Direção de Decio Antunes para a Jogo de Cena Cia.

O interior do Rio Grande do Sul também está representado, conforme Jane, com grupos que ainda não ganharam o destaque que merecem, como o Teatro Vagamundo, de Santa Maria, que apresenta Banana com canela (25/5) e Cabaré lange ri (27/5), além de Ana Fuchs e Odelta Simonetti, de Caxias do Sul com 1, 2, 3 Echá! (26 e 27/5). “Fizemos uma programação comemorativa destes 10 anos convidando grupos que foram significativos nesta trajetória”, explica a curadora do evento, fazendo menção ao Armazém Cia. de Teatro (RJ), que apresenta, nesta edição, O dia que Sam morreu (8 e 9/5), e ao grupo Galpão, que traz De tempo somos (16 e 17/5).

Nesta primeira década de Palco Giratório, Jane enfatiza que a maior vitória é a formação de plateia: “Hoje, consigo ter um público que começa a consumir arte”. Para as próximas edições, a intenção é realizar mais residências artísticas com grupos com características parecidas entre si, retomando a ideia de encontros que ocorriam nos antigos festivais. “Dessa forma, vamos conseguir ter uma discussão efetiva sobre a cena”, enfatiza. A curadora também acrescenta que muitos espetáculos acabaram ficando de fora desta programação não por uma questão financeira, mas por espaços adequados. “Precisamos de uma discussão com a cidade sobre espaços mais alternativos, que possibilite trazermos outros tipos de encenações.”

Porto Alegre recebe, ainda, o grupo homenageado pelo Circuito Palco Giratório 2015, o Balé Popular do Recife, fundado em 1976, pelo artista André Luiz Madureira e por Ariano Suassuna. Confira a programação completa, aqui.

.:. Publicado originalmente no Jornal do Comercio, Caderno Viver, p. 1, em 24/4/2015.

Serviço:
10º Festival Palco Giratório Sesc-Poa
Quando: 8 a 31/5. Mais informações, tel. 51 3284-2071 ou no site, aqui.
Quanto: R$ 7 a R$ 20. Ingressos antecipados no SAC (Setor de Atendimento ao Cliente) – Unidade Sesc Centro (Avenida Alberto Bins, 665), de segunda a sexta, das 8h às 19h45, e aos sábados, das 8h às 13h; venda de ingressos só até às 15h para a apresentação do dia. No dia do espetáculo, havendo lugares disponíveis no local de cada apresentação, uma hora antes.

Jornalista e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desenvolve pesquisa em torno do tema curadoria em festivais de artes cênicas. É a repórter responsável pelo setor de artes cênicas do Jornal do Comércio, em Porto Alegre (desde 2010). Participou dos júris do Prêmio Açorianos de Teatro, do Troféu Tibicuera de Teatro Infantil (ambos da Prefeitura de Porto Alegre) e do Prêmio Braskem em Cena no festival internacional Porto Alegre Em Cena. É crítica e coeditora do site nacional Agora Crítica Teatral e membro da Associação Internacional de Críticos de Teatro, AICT-IACT (www.aict-iatc.org), filiada à Unesco). Por seu trabalho profissional e sua atuação jornalística, foi agraciada com o Prêmio Açorianos de Dança (2015), categoria mídia, da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Porto Alegre (2014), e Prêmio Ari de Jornalismo, categoria reportagem cultural, da Associação Rio Grandense de Imprensa (2010, 2011, 2014).

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