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Reportagem

O capítulo dos navios na ‘Ilíada’

30.8.2015  |  por Helena Carnieri

Foto de capa: Gilson Camargo

Chega à metade o projeto que prevê a montagem de todos os 24 cantos da Ilíada, de Homero. Com estreias não lineares, a ideia é terminar tudo até o próximo Festival de Teatro de Curitiba – e ainda tentar levar o conjunto à Grécia durante as Olimpíadas do Rio.

Com apresentações até domingo (30/8) na Sala Londrina, no Memorial de Curitiba, o Canto 2 faz sua estreia. Quem interpreta o capítulo, considerado o mais denso de toda a obra, é a atriz veterana Christiane de Macedo.

“É um panorama logístico da guerra”, explica o diretor Octávio Camargo. A dificuldade vem da descrição pormenorizada do exército grego, e, depois, do troiano, com a nomeação dos navios, líderes e das cidades que contribuíram para a batalha – muitas delas ainda existem na Grécia.

No início, o deus Júpiter envia um sonho a Agamenon, rei grego. Ele pensa em fugir do combate, mas é convencido a lutar pelos deuses. Mas, para angariar o apoio completo do povo, cria um esperto esquema: discursa ao seu exército afirmando que irá desistir, mas só para testar os ânimos. Ulisses, a par de tudo, convence então os soldados de que o melhor é enfrentar o inimigo, o que faz com que a partida para a guerra surja de uma decisão aparentemente de baixo. E lá se vão eles. Lembrando que esse é somente o segundo canto da obra, ou seja, muita água ainda vai rolar.

“Esse episódio mostra que, desde a antiguidade, existem dois discursos, um entre os poderosos, outro para o povo”, analisa o diretor.

Outra curiosidade que assemelha o trabalho com a política atual é a presença de um palhaço no exército grego, que faz piadas de Agamenon. Como castigo, ele apanha em público de Ulisses, como forma de “estimular” os demais a andar na linha. Qualquer semelhança com acontecimentos recentes do Paraná não será coincidência.

.:. Publicado originalmente no jornal Gazeto do Povo, Caderno G, p. 13, em/8/2015.

.:. Leia mais sobre o projeto da Cia. Ilíadahomero de Teatro.

Serviço:
Onde: Sala Londrina – Memorial de Curitiba (Rua Claudino dos Santos, 79, Largo da Ordem, São Francisco, Curitiba, tel. 41 3321-3313)
Quando: Quinta a sábado, às 19h30; domingo, às 17h. De 27/8 a 30/8.
Quanto: Grátis

Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná, instituição onde cursa o mestrado em estudos literários, com uma pesquisa sobre A dama do mar de Robert Wilson. Cobre as artes cênicas para a Gazeta do Povo, de Curitiba, há três anos. No mesmo jornal, já atuou nas editorias de economia e internacional.

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