Jornalista, crítico, curador de teatro. Dirigiu o Departamento de Teatros da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, publicou no jornal Folha de S.Paulo e foi coordenador pedagógico da Escola Livre de Teatro de Santo André. Compôs os júris dos prêmios Shell e APCA. Assinou curadorias para Festival de Curitiba, Festival Recife do Teatro Nacional, Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, bem como ações reflexivas para a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp). Edita, com Rodrigo Nascimento, o site Cena Aberta – Teatro, crítica e política das artes, www.cenaaberta.com.br. É membro da IACT – Associação Internacional de Críticos de Teatro.
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textos
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8.11.2017 | por Kil Abreu
Vau da Sarapalha é espetáculo do Piollin Grupo de Teatro. Estreou em 1992 em João Pessoa (PB), fez carreira internacional e foi apresentado em mais de 40 cidades. É considerada ainda hoje uma das montagens mais importantes quanto a uma aproximação possível do universo de Guimarães Rosa no contexto da cena contemporânea. Esta aproximação, no entanto, tem menos a ver com o respeito aos termos da literatura enquanto tal e mais com a transfiguração, em ato artístico autônomo, da narrativa roseana. Leia mais
30.10.2017 | por Kil Abreu
Ó doce irmã, o que você quer mais?
Eu já arranhei minha garganta toda
Atrás de alguma paz.
Agora, nada de machado e sândalo.
Você que traz o escândalo,
Irmã-luz
(Caetano Veloso, Escândalo)
Em Belo Horizonte
É sem dúvida um tempo novo. E é do olho do furacão, em uma época de notável violência contra o humano, que o palco brasileiro vai comportando as novas representações que os sujeitos sociais afirmam. A criação coletiva do grupo Rainha Kong para O bebê de tarlatana rosa, conto homônimo do carioca João do Rio (1881-1921), confirma esse raciocínio. Leia mais
4.11.2016 | por Kil Abreu
É na armadilha de uma estrutura artificial que a realidade do tema será aprisionada
(Francis Bacon, em entrevista a David Sylvester)
Em Belo Horizonte
O espetáculo 19:45!, apresentado no Festival Estudantil de Teatro (FETO) é trabalho dos formandos do curso profissionalizante do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado. A montagem tem dramaturgia e direção de Rita Clemente, que cumpre a função de artista convidada. Leia mais
1.11.2016 | por Kil Abreu
Em Porto Alegre
Uma crítica específica para o teatro de rua/na rua/na cidade faz sentido? Em que medida as variadas formas do teatro e, neste caso, as diferentes maneiras de habitar espaços pede olhares e atitudes críticas diferenciadas? Que importância teriam estes repertórios e estes discursos específicos em um país no qual o Ministério da Cultura identifica os espaços do teatro contabilizando apenas as salas fechadas e desprezando os lugares públicos abertos em que ele acontece?
Estas, entre outras questões, foram colocadas em movimento durante a oitava edição do Festival Internacional de Teatro de Rua de Porto Alegre Leia mais
18.10.2016 | por Kil Abreu
Kiko Marques reapresenta em Sínthia recursos formais experimentados no belo Cais ou Da indiferença das embarcações (2012). Ali já era perceptível a ambição que vai notabilizando o ator e diretor também como um dramaturgo importante na cena de São Paulo. Naquele espetáculo já se desenhava com rigor mais que razoável algumas coordenadas que talvez possam demarcar escolhas e características de estilo: Leia mais
24.8.2016 | por Kil Abreu
Todo homem, todo lobisomem sabe a imensidão da fome
que tem de viver
Todo homem sabe que essa fome é mesmo grande,
até maior que o medo de morrer.
(Caetano Veloso, Pecado original)
O tríptico, nas artes visuais, é conjunto de três elementos plásticos (em pintura, fotografia, gravura ou outros) que juntos sugerem uma única imagem ou a continuidade das partes em torno de um mesmo tema. Já estava entre os antigos e se popularizou na Idade Média, sendo suporte para obras enraizadas no imaginário cristão.
Cachorro enterrado vivo, peça da dramaturga carioca Daniela Pereira de Carvalho encenada por Marcelo do Vale, com atuação de Leonardo Fernandes, assemelha-se, em uma livre comparação, a um tríptico. Leia mais
21.6.2016 | por Kil Abreu
Em Belém
O Grupo Cuíra fechou recentemente o seu espaço, colado à zona do meretrício, na Riachuelo com a Primeiro de Março, em Belém do Pará. Havia nove anos seus artistas e técnicos reformaram e ocuparam, abrindo ao público, um antigo estacionamento de bingo – incrível inversão ao sentido da época, saudada naquele momento como uma vitória quase inacreditável do teatro sobre a máquina do capital. Leia mais
14.6.2016 | por Kil Abreu
Parte II – A caminho do dissenso
Em artigo para a revista Bravo!, no final dos anos 90, o diretor e professor Sérgio de Carvalho sentenciava: “O processo de esvaziamento da crítica teatral na imprensa brasileira já dura mais de duas décadas. E esses que aí estão talvez constituam o nosso último grupo de críticos”.[1] Curiosamente, mais de quinze anos depois um crítico da geração atual, Diego Reis, salvo engano sustenta juízo aproximado, ao anunciar no resumo do seu ensaio, já neste ano de 2016: “Este ensaio tem por objetivo pensar o campo da crítica de arte nos últimos vinte anos. E, de modo especial, a crítica teatral diante do diagnóstico de esvaziamento e perda de força com que se depara, seja com a redução do espaço da crítica nos veículos de comunicação de massa, seja o lugar de estabilidade entre o cânone e o consenso que parece caracterizar os exercícios críticos recentes”.[2] Leia mais
17.5.2016 | por Kil Abreu
Parte I – Esboço histórico
A contemplação da perda de uma força civilizatória não deixa de ser civilizatória a seu modo. Durante muito tempo tendemos a ver a inorganicidade, e a hipótese de sua superação, como um destino particular do Brasil. Agora ela e o naufrágio da hipótese superadora aparecem como o destino da maior parte da humanidade contemporânea, não sendo, nesse sentido, uma experiência secundária.[1]
Um fenômeno interessante e recorrente na história da crítica teatral no Brasil é a ideia de um esperado ou renovado surgimento do “verdadeiro” teatro brasileiro[2]. De José de Alencar a Décio de Almeida Prado, passando pelo projeto iniciado por Alcântara Machado nos anos 20 e 30, a crítica esteve sempre a atestar, de acordo com a visão em voga em cada época, o nascimento de um caminho novo e promissor Leia mais
2.4.2016 | por Kil Abreu
Jogos para atores e não atores, lançado pelas Edições Sesc e Cosac Naify, nos oferece o material mais completo entre todos os que foram reunidos por Augusto Boal sobre sua obra, desde que os apontamentos iniciais do que viria a ser o Teatro do Oprimido se deram, no exílio argentino, ainda nos anos 70. Dali em diante o autor criou um formidável repertório de técnicas e pensamento, testado dia após dia na própria prática cênica, boa parte dela experimentada junto ao povo Leia mais