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Crítica

No final de Protocolo, peça do português Mala Voadora, os atores Jorge Andrade e Anabela Almeida se questionam sobre a quem agradarão com aquele trabalho. Tomando as regras e etiquetas impostas pela realeza, o espetáculo é uma desconstrução para qualquer cerimônia de pompa. Faz do cômico e sarcástico a reflexão de papeis e valores – muitos deles modificados com o tempo – que, não obstante, serviu como uma luva para a abertura do Festival de Teatro de Grupo do Recife – Trema!, numa edição “rebelde”. O espetáculo foi apresentado quarta (8), no Teatro Hermilo Borba Filho. Leia mais

Reportagem

Quando a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), em março, levou ao palco tensões geográficas e políticas que assolam o mundo, sobretudo aquelas do Oriente Médio, o fez para discutir o tema através de estéticas e propostas cênicas particulares, com grupos de fora do Brasil (apenas uma peça era nacional). Embora com bem menos recursos e dimensão menor do que a MITsp (o festival paulista custou mais de R$ 3 milhões), começa no dia 8 de abril, no Recife, o Festival de Teatro de Grupo – Trema!, com um eixo curatorial que se propõe, de forma semelhante, a pensar os espaços, pertencimentos e ocupações que refletem no homem (recifense, sobretudo) contemporâneo. Leia mais

Crítica

Os intercâmbios entre companhias pernambucanas com outros grupos de fora do Estado e do País têm possibilitado a criação de espetáculos de relevantes propostas cênicas, nos últimos anos. A mais recente montagem, primeira estreia do Janeiro de Grandes Espetáculos, é Pangeia, trabalho dos grupos Acaso e Limiar (Galícia) que une dança, música e teatro numa encenação extremamente contemporânea. O espetáculo, que reflete um amadurecimento da companhia pernambucana, foi encenado sábado (17) e domingo (18) no Teatro Hermilo Borba Filho. Leia mais

Crítica

A verdade sobre os fatos pouco importa. O que é fundamental no convencimento do interlocutor é a maneira de como uma história é contada – ou, aliás, bem contada. É dessa perspectiva que parte Maldito coração, me alegra que tu sofras, monólogo da atriz Ida Celina, dirigido por Mauro Soares e encenado nos dias 15 e 16/1 no Teatro Marco Camarotti. A peça, umas das três atrações que marcaram a abertura do Janeiro de Grandes Espetáculos, no Recife, é um apurado exercício de dramaturgia reforçado por uma interpretação precisa e humor de bom gosto, na narrativa de uma amor doloroso e engraçado. Leia mais

Crítica

O desastre inesperado que devastou Fukushima, em 2011, devastou corpos, almas, esperanças e olhares. Arrancou lágrimas, sonhos e a paz de milhares de pessoas do Japão e do mundo. No palco, o acidente nuclear continua a suscitar essa lembrança de tragédia e dor na excelente montagem Fukushima mon amour, do sempre preciso bailarino de Butoh-MA Tadashi Endo. O trabalho foi apresentado de quinta (7) a sábado (10) na Caixa Cultural Recife. Leia mais

Reportagem

Quando se propôs a debater a homossexualidade pelo viés do teatro, já na sua estreia o grupo paulistano Teatro Kunyn levou à cena um dos mais elogiados espetáculos contemporâneos produzidos no Brasil sobre este tema. Em Dizer e não pedir segredo (2010), o grupo enveredou por relatos e situações vividos por gays no país desde o império até os dias atuais, utilizando como palco as salas, os quartos e as cozinhas de casas e apartamentos. Em junho de 2015, a companhia estreia na capital paulista um novo trabalho, desta vez sobre o universo homossexual do Recife dos anos 1960, com base na obra do dramaturgo, jornalista, escritor e poeta argentino Tulio Carella, contextualizado nas ruas, nos parques e praças, onde o assunto vive grosso modo à marginalidade. Leia mais

Crítica

Os 450 anos de William Shakespeare quase passaram despercebidos pela cena teatral pernambucana, no tangente a grandes apostas de montagens. Quase passou, não fossem duas versões pontuais de Rei Lear, encenadas neste ano. A primeira, com dramaturgismo e coadaptação de Luís Reis e direção de Marianne Consentino, foi uma adaptação para a estética mambembe do clássico, apresentada no início do ano. A segunda, um experimento do carioca Moacir Chaves, que estreou no Recife em novembro. Dona de uma estética de desconstrução afiadíssima, a montagem explora as ferramentas visuais e sonoras do teatro para construir um trabalho pautado no olhar característico do diretor, que utiliza a voz do ator como eixo central da interpretação. Leia mais

Crítica

Em O amante, Marguerite Duras escreve: “A história da minha vida não existe. Ela não existe. Jamais tem um centro. Nem caminho, nem trilha. Há vastos espaços onde se diria haver alguém, mas não é verdade, não havia ninguém. A história de uma pequena parte da minha juventude, já a escrevi mais ou menos, quero dizer, já contei alguma coisa sobre ela, falo aqui daquela mesma parte, a parte da travessia do rio. O que faço agora é diferente, e parecido. Antes, falei dos períodos claros, dos que estavam esclarecidos. Aqui falo dos períodos secretos dessa mesma juventude, das coisas que ocultei sobre certos fatos, certos sentimentos, certos acontecimentos. Comecei a escrever num ambiente que me obrigava ao pudor.” Leia mais

Reportagem

Ceronha Pontes é daquelas atrizes completas. “Ela é uma mulher de textos fortes, você sabe”, resume perfeitamente bem Claudio Kovacic, reconhecido chef de cozinha e recém-estreante diretor de teatro. Daquelas mulheres que tomam o palco com grandiosidade de interpretação e prendem a plateia pela precisão dos gestos e da emoção, Ceronha estreia, hoje (5/11/), uma nova personagem, forte e particular: Marguerite Duras. Trata-se de um encontro poético e apaixonado com a história de vida da escritora e cineasta de origem vietnamita, considerada nome fundamental da literatura do século 20. Leia mais