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“Antunes retoma Foi Carmen"

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Folha de S.Paulo

São Paulo, terça- feira, 20 de maio de 2008

TEATRO
Cantora luso-brasileira e Kazuo Ohno inspiram espetáculo de teatro-dança que o diretor remonta em SP

Emilie Sugai é dançarina convidada a contracenar com elenco do CPT; no palco, o samba mistura-se à expressão corporal do butô, nô e kabuki 

VALMIR SANTOS 
da reportagem local 

“Você não é do tempo em que todo mundo era obcecado por Carmen Miranda?”, questiona à reportagem Antunes Filho, 78. “Não estou discutindo politicamente se ela foi usada pelo [presidente norte-americano Franklin] Roosevelt ou não, mas apenas usando o mito para compor um poema teatral.”
Antunes guarda, ele mesmo, certa obsessão com a primeira experiência radical de teatro-dança de sua carreira, “Foi Carmen” (2005). O espetáculo teve poucas sessões naquele ano (Japão, Festival de Teatro de Curitiba) e é remontado a partir de hoje no Sesc Anchieta, em São Paulo. “Virou uma obra cult. Isso me assusta um pouco”, diz Antunes. Ele convida o público a transitar por uma profusão de citações entre os mundos ocidental e oriental.
A alusão explícita à atriz e cantora luso-brasileira Carmen Miranda (1909-55), com canções, gestos, figurinos e adereços (samba, em suma), surge junto com referências ao butô, ao nô e ao kabuki, variações de gêneros dramáticos milenares e contemporâneos da dança e do teatro japoneses -luvas para o centenário da imigração.
“Faço uma reflexão sobre o tempo, o espaço, o movimento e as pulsações ocidental e oriental desses elementos em cena”, diz Antunes. A palavra sucumbe à expressão do corpo.
Na origem desse projeto híbrido, repousa uma homenagem ao dançarino japonês Kazuo Ohno, 101, que o diretor conheceu em 1980. A parte final do espetáculo faz um paralelo entre os mitos de Carmen e da bailarina argentina Antonia Mercé y Luque (1890-1936), a quem Ohno dedicou o solo “Admirando la Argentina” (1977), o primeiro que Antunes viu.
Um enredo mínimo dá conta de uma menina (Paula Arruda) que sonha em ser Carmen Miranda. Em outros tempo e espaço, um malandro (Lee Thalor) percorre ruas do Rio e tem uma visão da própria (a dançarina convidada Emilie Sugai), um vulto sempre de costas, “porque ela foi, está morta”, diz Antunes. Há ainda uma passista (por Patrícia Carvalho).
Cinco vezes Antunes
Com “Foi Carmen”, o diretor atinge nesta semana cinco produções em cartaz em São Paulo com elencos mistos do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) e do Grupo de Teatro Macunaíma.
Da série “Prêt-à-Porter”, que faz dez anos, é possível assistir à “Coletânea 1” (ter., às 20h, no Sesc Avenida Paulista, até 24/ 6) e ao “Prêt-à-Porter 9” (sáb., às 18h30, no Sesc Consolação, até 30/8). Seguem ainda “Senhora dos Afogados” (sex. e sáb., às 21h, e dom., às 19h, no Sesc Anchieta, até 27/7) e “O Céu Cinco Minutos Antes da Tempestade”, do círculo de dramaturgia do CPT, coordenado por Antunes (sex., às 21h, no Sesc Consolação, até 25/7). “Falo aos atores: “O CPT é de vocês, não sou eu”. Tenho de descentralizar esse troço. Agora temos base para isso.”
FOI CARMEN
Quando: estréia hoje, às 21h; ter., às 21h; até 29/7
Onde: Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000; classificação: 14 anos)
Quanto: R$ 2,50 a R$ 10

“Você não é do tempo em que todo mundo era obcecado por Carmen Miranda?”, questiona à reportagem Antunes Filho, 78. “Não estou discutindo politicamente se ela foi usada pelo [presidente norte-americano Franklin] Roosevelt ou não, mas apenas usando o mito para compor um poema teatral.” Antunes guarda, ele mesmo, certa obsessão com a primeira experiência radical de teatro-dança de sua carreira, “Foi Carmen” (2005). O espetáculo teve poucas sessões naquele ano (Japão, Festival de Teatro de Curitiba) e é remontado a partir de hoje no Sesc Anchieta, em São Paulo. “Virou uma obra cult. Isso me assusta um pouco”, diz Antunes. Ele convida o público a transitar por uma profusão de citações entre os mundos ocidental e oriental. 

A alusão explícita à atriz e cantora luso-brasileira Carmen Miranda (1909-55), com canções, gestos, figurinos e adereços (samba, em suma), surge junto com referências ao butô, ao nô e ao kabuki, variações de gêneros dramáticos milenares e contemporâneos da dança e do teatro japoneses -luvas para o centenário da imigração. 

“Faço uma reflexão sobre o tempo, o espaço, o movimento e as pulsações ocidental e oriental desses elementos em cena”, diz Antunes. A palavra sucumbe à expressão do corpo. 

Na origem desse projeto híbrido, repousa uma homenagem ao dançarino japonês Kazuo Ohno, 101, que o diretor conheceu em 1980. A parte final do espetáculo faz um paralelo entre os mitos de Carmen e da bailarina argentina Antonia Mercé y Luque (1890-1936), a quem Ohno dedicou o solo “Admirando la Argentina” (1977), o primeiro que Antunes viu. 

Um enredo mínimo dá conta de uma menina (Paula Arruda) que sonha em ser Carmen Miranda. Em outros tempo e espaço, um malandro (Lee Thalor) percorre ruas do Rio e tem uma visão da própria (a dançarina convidada Emilie Sugai), um vulto sempre de costas, “porque ela foi, está morta”, diz Antunes. Há ainda uma passista (por Patrícia Carvalho). 

Cinco vezes Antunes
Com “Foi Carmen”, o diretor atinge nesta semana cinco produções em cartaz em São Paulo com elencos mistos do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) e do Grupo de Teatro Macunaíma. 

Da série “Prêt-à-Porter”, que faz dez anos, é possível assistir à “Coletânea 1” (ter., às 20h, no Sesc Avenida Paulista, até 24/ 6) e ao “Prêt-à-Porter 9” (sáb., às 18h30, no Sesc Consolação, até 30/8). Seguem ainda “Senhora dos Afogados” (sex. e sáb., às 21h, e dom., às 19h, no Sesc Anchieta, até 27/7) e “O Céu Cinco Minutos Antes da Tempestade”, do círculo de dramaturgia do CPT, coordenado por Antunes (sex., às 21h, no Sesc Consolação, até 25/7). “Falo aos atores: “O CPT é de vocês, não sou eu”. Tenho de descentralizar esse troço. Agora temos base para isso.” 


Peça: Foi Carmen
Quando: estréia hoje, às 21h; ter., às 21h; até 29/7 
Onde: Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000; classificação: 14 anos) 
Quanto: R$ 2,50 a R$ 10