25.10.2023 | por Valmir Santos
No intervalo de três meses e meio o teatro nacional se despediu de artistas vitais na fundação de dois de seus grupos há mais tempo em atividade na capital paulista: o Oficina/Uzyna Uzona de José Celso Martinez Corrêa, morto em julho, aos 86 anos, então prestes a completar 65 de trabalho artístico continuado, e o Teatro União e Olho Vivo, o TUOV de César Vieira, que morreu na segunda (23), aos 92 anos e 57 de caminhada coletiva.
Leia mais23.2.2023 | por Paula Autran
Em 2022, a pesquisadora Lígia Balista se deparou com um documento no arquivo do dramaturgo e pesquisador Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) – cedido por sua família ao Centro de Documentação Teatral (CDT) da Escola de Comunicações e Artes da USP, a ECA – que modifica o cenário da moderna dramaturgia brasileira: a descoberta da peça A pipa de Diógenes, com autoria conjunta de Guarnieri e Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (1936-1974). E segundo Lígia: “A primeira (versão) também é assinada por… Pedro Paulo Uzeda Moreira, nome que já não consta nas duas versões seguintes”. Esse é um marco na história do teatro brasileiro porque muda algumas das certezas que tínhamos sobre a dramaturgia nacional até então, como Eles não usam black tie (1958), de autoria de Guarnieri, sendo considerada a peça inaugural do texto político social do moderno teatro brasileiro.
Leia mais7.10.2022 | por Teatrojornal
O texto a seguir é a transcrição editada da mesa de lançamento do livro Sobre antigas formas em novos tempos: o teatro do oprimido hoje, entre “ensaio da revolução” e técnica interativa de domesticação das vítimas (Hucitec Editora, 2022), ocorrida em 24 de agosto de 2022, no Teatro da Universidade de São Paulo, o Tusp. Na ocasião, o autor Julian Boal convidou a psicanalista e escritora Maria Rita Kehl, o diretor e professor de teatro Marco Antonio Rodrigues e o pesquisador nas áreas de teatro e história Douglas Estevam, integrante da coordenação nacional de cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Brigada Nacional Patativa do Assaré de Teatro, a reagirem a alguns dos capítulos da obra.
Leia mais26.2.2021 | por Maria Eugênia de Menezes
O trajeto percorrido pelo site Teatrojornal durante sua primeira década está exemplarmente exposto em seu próprio nome. Valmir Santos, Beth Néspoli e eu, que compartilhamos a edição da plataforma, fomos seduzidos inicialmente pelo teatro. Depois, passamos ao universo do jornal, com suas técnicas e regras. Para mais adiante, encerrados nossos ciclos dentro das redações, habitarmos um lugar de síntese, onde pretendíamos que os dois universos se comunicassem.
Leia mais4.6.2020 | por Valmir Santos
Na sessão de estreia de Mãe coragem e seus filhos no 11º Festival de Curitiba, em 22 de março de 2002, Maria Alice Vergueiro tropeçou no tablado e caiu na cena final. Era o momento em que a personagem puxa a carroça cenográfica, dessa vez sozinha, pois perdeu os três filhos para a guerra, sendo a caçula morta havia poucos minutos. Pragmática, Anna Fierling segue no encalço do próximo regimento para exercer o seu comércio ambulante de comida e bebida junto aos soldados. Assim que as cortinas do Teatro Guairinha se fecharam, a atriz foi acolhida por pessoas do elenco e da equipe que a acompanharam a um hospital. “Até que ficou bem a Coragem caída naquele momento”, brincou no trajeto. Ela deslocou o ombro direito, sentiu dores, mas não recuou do compromisso da apresentação na noite seguinte.
Leia mais15.8.2016 | por Patricia Freitas
I – Retrospecto histórico de um teatrero subversivo
1974: Augusto Boal, já com 43 anos e bastante consagrado no Brasil por sua atuação como diretor do Teatro de Arena de São Paulo, adapta uma das peças mais importantes e controversas da história do teatro mundial: A tempestade, de Shakespeare. Leia mais
10.6.2016 | por Patricia Freitas
Precisamos desenvolver a sensibilidade histórica para que ela se torne um verdadeiro deleite sensual. Quando nossos teatros apresentam peças de outros períodos, eles gostam de aniquilar a distância, preencher as lacunas, minimizar as diferenças. Mas onde então fica o prazer derivado das comparações, da distância, da dissimilitude – que é, ao mesmo tempo, um prazer vindo daquilo que é próximo e próprio a nós mesmos?
Bertolt Brecht
“Inspirar movimentos de aproximação entre o teatro e aqueles que lutam por justiça social”: tal o objetivo do primeiro volume da coleção Cadernos de Teatro e Sociedade, editado pelo Laboratório de Teatro e Sociedade (LITS) em parceria com a editora Expressão Popular. O projeto do grupo de estudos e laboratório, encabeçado por pesquisadores e artistas da Universidade de São Paulo, teve como mote não só publicar algumas peças relativas ao momento de fértil “hegemonia cultural de esquerda”, mas recriá-las crítica e pictoricamente com base nas experiências cênicas daquele período.
Não à toa, o passo inicial envolveu a publicação de Mutirão em novo sol, obra escrita coletivamente, em 1961, por Nelson Xavier, Augusto Boal, Benedito Araújo, Hamilton Trevisan e Modesto Carone, que permanecia inédita até então. Leia mais
24.5.2016 | por Patricia Freitas
A arte só tem finalidade quando contribuiu para a evolução dos homens. Perdemos a fé nos homens. Temos de auxiliar a razão a reconquistar o seu direito. A arte não é uma fumaça, a arte serve para esclarecer e, talvez, para ‘transfigurar’ – mas muito cuidado!
Wolfgang Drews
Coisas de jornal no teatro, escrito pelo pesquisador Eduardo Campos Lima, consegue reunir a um só tempo o caráter informativo, necessário para a compreensão da forma Teatro Jornal, e uma análise que privilegia os saltos temporais, bem como as conexões históricas. Leia mais
2.4.2016 | por Kil Abreu
Jogos para atores e não atores, lançado pelas Edições Sesc e Cosac Naify, nos oferece o material mais completo entre todos os que foram reunidos por Augusto Boal sobre sua obra, desde que os apontamentos iniciais do que viria a ser o Teatro do Oprimido se deram, no exílio argentino, ainda nos anos 70. Dali em diante o autor criou um formidável repertório de técnicas e pensamento, testado dia após dia na própria prática cênica, boa parte dela experimentada junto ao povo Leia mais
23.11.2015 | por Patricia Freitas
Quando Dante andava por Verona, o povo o apontava e murmurava que ele estava no inferno. Teria ele podido, sem isto, descrever todos os seus tormentos? Ele não os tirou de sua imaginação, ele os viveu, sofreu, viu, sentiu. Ele estava verdadeiramente no inferno, a cidade dos condenados: ele estava no exílio.
Heinrich Heine
Jogos para atores e não atores é, ao lado de O teatro do oprimido e outras poéticas políticas, o livro mais traduzido e reeditado de Augusto Boal. Leia mais