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“Peruanos são atração em festival de teatro"

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Folha de S.Paulo

São Paulo, segunda- feira, 04 de maio de 2009

TEATRO
Grupo Yuyachkani abre hoje evento que acontece até domingo no CCSP

Coletivo dá sua versão a passagens históricas no Peru do século 20, em peça de tom documental; o Galpão mostra obra em progresso

VALMIR SANTOS
Colaboração para Folha, em Lima

Alberto Fujimori e o grupo guerrilheiro Sendero Luminoso viraram sinônimos de violência e autoritarismo no Peru contemporâneo. A condenação do ex-presidente a 25 anos de cadeia, no mês passado, e a vitória do filme “La Teta Asustada” (sobre filhas de mulheres estupradas durante o conflito com a guerrilha) no Festival de Berlim deste ano põem a revisão histórica na ordem do dia.
Quem dá a sua versão teatral para essas e outras passagens do século 20 peruano é o Grupo Cultural Yuyachkani, coletivo surgido há 38 anos e batizado com a expressão do idioma quéchua, que significa “estou pensando, estou recordando”.
O Yuyachkani abre hoje a 4ª Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo com seu espetáculo mais recente, “El Último Ensayo” (2008). Durante uma semana, o evento gratuito da Cooperativa Paulista de Teatro reúne, no Centro Cultural São Paulo, 12 produções de seis países, sete nacionais e cinco estrangeiras (veja destaques em quadro nesta página).
No enredo, sete artistas preparam homenagem a uma diva legendária do canto lírico. São cantores, instrumentistas e dançarinos sob a batuta de uma maestrina. Enquanto aguardam, partitura à parte, desfilam idiossincrasias pessoais ou profissionais que terminam por dizer mais a respeito do país onde vivem: a bandeira peruana ziguezagueia o tempo todo em busca de um lugar.
Arte e vida
A ação transcorre num velho teatro, outrora uma sala de cinema. “El Último Ensayo” deseja colocar em xeque noções de representação e de presença. A criação colaborativa dirigida por Miguel Rubio Zapata e escrita por Peter Elmore é alinhada ao teatro documento, que ganha corpo no repertório do grupo nesta década.
Segundo Zapata, a ideia é diluir fronteiras entre arte/vida, ficção/realidade em peças, instalações, performances ou intervenções. Conhecido pelo ativismo na celebração da cultura popular andina, o Yuyachkani desenvolveu ações em várias cidades durante audiências públicas de uma comissão que rastreou 69 mil crimes e violações aos direitos humanos entre 1980 e 2000.
O tom documental é emoldurado em alguns momentos com a projeção de imagens em preto e branco de figuras representativas do poder político. Desfilam Fujimori, George W. Bush, Fidel Castro, Lula etc.
Sob o tema “Tradição e Atualidade”, a mostra traz ainda o uruguaio El Galpón, que completa 60 anos em setembro e monta “Un Hombre Es un Hombre” (2008), texto de Bertolt Brecht, com direção de María Azambuya.
O xará brasileiro Galpão, de Belo Horizonte, que também já montou “Um Homem É Um Homem” (2006), agora compartilha um espetáculo em progresso, previsto para junho, “Till Eulenspiegel” -com texto de Luis Alberto de Abreu e direção de Júlio Maciel.

Alberto Fujimori e o grupo guerrilheiro Sendero Luminoso viraram sinônimos de violência e autoritarismo no Peru contemporâneo. A condenação do ex-presidente a 25 anos de cadeia, no mês passado, e a vitória do filme “La Teta Asustada” (sobre filhas de mulheres estupradas durante o conflito com a guerrilha) no Festival de Berlim deste ano põem a revisão histórica na ordem do dia.

Quem dá a sua versão teatral para essas e outras passagens do século 20 peruano é o Grupo Cultural Yuyachkani, coletivo surgido há 38 anos e batizado com a expressão do idioma quéchua, que significa “estou pensando, estou recordando”.O Yuyachkani abre hoje a 4ª Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo com seu espetáculo mais recente, “El Último Ensayo” (2008). Durante uma semana, o evento gratuito da Cooperativa Paulista de Teatro reúne, no Centro Cultural São Paulo, 12 produções de seis países, sete nacionais e cinco estrangeiras (veja destaques em quadro nesta página).No enredo, sete artistas preparam homenagem a uma diva legendária do canto lírico. São cantores, instrumentistas e dançarinos sob a batuta de uma maestrina. Enquanto aguardam, partitura à parte, desfilam idiossincrasias pessoais ou profissionais que terminam por dizer mais a respeito do país onde vivem: a bandeira peruana ziguezagueia o tempo todo em busca de um lugar.

Arte e vida
A ação transcorre num velho teatro, outrora uma sala de cinema. “El Último Ensayo” deseja colocar em xeque noções de representação e de presença. A criação colaborativa dirigida por Miguel Rubio Zapata e escrita por Peter Elmore é alinhada ao teatro documento, que ganha corpo no repertório do grupo nesta década.

Segundo Zapata, a ideia é diluir fronteiras entre arte/vida, ficção/realidade em peças, instalações, performances ou intervenções. Conhecido pelo ativismo na celebração da cultura popular andina, o Yuyachkani desenvolveu ações em várias cidades durante audiências públicas de uma comissão que rastreou 69 mil crimes e violações aos direitos humanos entre 1980 e 2000.

O tom documental é emoldurado em alguns momentos com a projeção de imagens em preto e branco de figuras representativas do poder político. Desfilam Fujimori, George W. Bush, Fidel Castro, Lula etc.

Sob o tema “Tradição e Atualidade”, a mostra traz ainda o uruguaio El Galpón, que completa 60 anos em setembro e monta “Un Hombre Es un Hombre” (2008), texto de Bertolt Brecht, com direção de María Azambuya.

O xará brasileiro Galpão, de Belo Horizonte, que também já montou “Um Homem É Um Homem” (2006), agora compartilha um espetáculo em progresso, previsto para junho, “Till Eulenspiegel” -com texto de Luis Alberto de Abreu e direção de Júlio Maciel.