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“Tusp usa relatos pessoais para ir à memória"

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Folha de S.Paulo

São Paulo, sábado, 30 de março de2005

TEATRO
Depois de “Interior” (2002), Abílio Tavares dirige peça que nasceu de depoimentos dos atores do grupo da USP

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Para o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), a posse de um segredo pode equivaler a um “veneno psíquico” que afasta o indivíduo da coletividade, o atrai para a sombra.

Quem lembra disso é o diretor e terapeuta Abílio Tavares, do Teatro da Universidade de São Paulo, o grupo Tusp. Ele fala sobre “Segredo”, espetáculo que estréia hoje, para convidados, no teatro de mesmo nome, na Vila Buarque.

Como em “Interior” (2002), o depoimento pessoal sustenta a dramaturgia, também arrematada por Tavares. Dezessete atores compõem fragmentos de situações vivenciadas durante um ano e meio de ensaios. Violência contra a mulher dentro de casa, abuso sexual na infância, tentativa de suicídio, fantasias sexuais, enfim, são narrativas envoltas em sensações, imagens e desejos de amor, fé, solidão, esperança etc.

Durante a pesquisa, o elenco foi acompanhado por seis profissionais da área de psicologia. “Myriam Muniz [1931-2004] dizia que teatro é terapia, não é tratamento. A técnica terapêutica é utilizada como as demais ferramentas de apoio no processo de criação. O objetivo é o teatro. A proposta não é fazer teatro terapêutico”, diz Tavares, 42.

O diretor vislumbra a transformação dos seus atores por meio da “compreensão e expressão artística de seus sentimentos, traumas e afetividades”. Essas camadas da memória são trazidas à cena não necessariamente pelos seus verdadeiros donos. Um ator dá conta da história do outro. Curiosamente, procura-se preservar o anonimato num projeto cuja premissa é a exposição.



Segredo
Onde:
Teatro da Universidade de São Paulo (r. Maria Antônia, 294, Vila Buarque, tel. 0/xx/11/3259-8342) 
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h; até 26/6 
Quanto: R$ 15