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Folha de S.Paulo

Cia. São Jorge revê oito anos em repertório

9.3.2006  |  por Valmir Santos

São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

TEATRO

Grupo encena peças no CCSP  

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Oito anos é tempo suficiente para um grupo teatral dizer a que veio. A Companhia São Jorge de Variedades costura sua arte desde 1998, numa linguagem que desce com senso crítico às raízes do país que pisa mas também lhe arranca poesia e lira.

O espectador tem a chance de ver ou rever esse caminho no repertório que a São Jorge apresenta no Centro Cultural São Paulo, de hoje ao final de maio.

A começar pela estréia da remontagem do primeiro trabalho, “Pedro, o Cru”, do português António Patrício, com direção de Georgette Fadel. A obra reflete sobre a herança de romantismo e melancolia lusitanos. No século 14, Pedro, rei de Portugal, trai os juramentos feitos a seu pai e vinga-se dos matadores de sua amada, Inês de Castro. Em seguida, exuma o cadáver dela, enterrado há anos, e a coroa como rainha.

Depois vem “Um Credor da Fazenda Nacional” (2000), de Qorpo Santo, também encenado por Fadel. Expõe o embate Estado X cidadão pelo périplo de um funcionário por uma instituição burocrática para reaver o que lhe devem. O musical “Biedermann e Os Incendiários” (2001), do suíço Max Frisch, serviu para a Cia. São Jorge expor as vicissitudes da noção de justiça. O pequeno-burguês Candido Biedermann hospeda um desconhecido, que depois traz outro e com ele galões de gasolina. Advertido do “perigo”, ainda assim o anfitrião não reage.

No itinerante “As Bastianas” (2004), a cia. radicaliza sua pesquisa a partir da residência em albergues da cidade. Contos do ator e poeta Gero Camilo geram sentidos de identidade colhidos entre excluídos, evocando-se também o universo mitológico dos orixás do candomblé. A mostra será intercalada ainda por solos dos integrantes da cia. 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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