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Folha de S.Paulo

Montagem costura o sobe-e-desce dos elevadores

6.4.2006  |  por Valmir Santos

São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

TEATRO 
Formada há cinco anos, companhia estréia hoje “Peça de Elevador”, no CCBB, com dez histórias curtas  

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Numa metrópole em que as pessoas estão sempre em trânsito, o elevador também é um espaço de cruzamentos -por assim dizer, verticais.

Dois deles, envidraçados, surgem como cenário da nova peça da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, justamente “Peça de Elevador”, com estréia hoje no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade.

A partir de processo colaborativo com a direção e os atores, o autor convidado Cássio Pires (da Cia. dos Dramaturgos) costura dez diferentes histórias curtas com diálogos cortados conforme os tempos de subida e descida dos elevadores.

Na concepção cenográfica a cargo de Ulisses Cohn, os personagens se cruzam no saguão de um edifício, dentro dos elevadores ou em cada um dos andares. Eles se vêem ou são vistos na plataforma panorâmica.

“Num elevador, as pessoas parecem sempre “entre” o lugar de onde vieram e o lugar para onde vão, nunca estão ali”, comenta o diretor Marcelo Lazzaratto, 39, que também atua.

Nesse universo do cotidiano, há, por exemplo, o casal que discute (o contador e a desempregada), a estressada administradora do prédio e as atrizes que ensaiam para uma estréia. Sem contar a figura da ascensorista. Além dos tipos “reais” e suas histórias fragmentadas, ela convive com seres imaginários, como o fantasma de Hamlet, as mulheres de “As Três Irmãs”, de Tchecov, e até mesmo com a inocente Chapeuzinho Vermelho.

A cidade de São Paulo é o berço da maioria dos artistas envolvidos e o pano de fundo do espetáculo. A identificação com um símbolo da metrópole, o elevador -agora também transportado para o título da peça-, resulta ao mesmo tempo proposital e por acaso.

“Neste nosso nome, o elevador fica encarregado de significar nosso anseio por uma verticalidade nos procedimentos artísticos, e à palavra panorâmico cabe significar nossa vontade de atingir uma horizontalidade, um alcance cada vez maior de interlocutores”, afirma Lazzaratto, que também desenhou a luz.

“Peça de Elevador” tem música original e preparação vocal de Daniel Maia, preparação corporal de Vivien Buckup e figurino de André Cortez.

Em cinco anos, esta é a sétima montagem da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico. Ela é integrada por dez atores, a maioria vinda do Teatro Escola Célia Helena. 



Peça de Elevador
Quando: estréia hoje, às 19h30; qui. e sex., às 19h30; até 30/6 
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, centro, tel. 3113-3651) 
Quanto: R$ 15 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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