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Folha de S.Paulo

Chegar aos 25 anos de grupo é “milagre”, diz ator

2.8.2007  |  por Valmir Santos

São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

TEATRO 

Eduardo Moreira, um dos fundadores do Galpão, lembra os desafios da companhia mineira, que chega agora à 17º peça
 

De viagens a bordo de duas Brasílias até a miniatura do ônibus de “Pequenos Milagres”, grupo percorreu 38 cidades no Brasil e 17 países

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Para o ator Eduardo Moreira, 46, um dos fundadores do Galpão em outubro de 1982, completar 25 anos de grupo não deixa de ser um “milagre”.

“É muita estrada e com grandes problemas, em especial nos primeiros anos. A tentativa de consolidar um grupo, trabalhando com alguma clareza e muita precariedade, como então trabalhavam 99% dos artistas no país; se considerar tudo o que passamos, isso [as bodas de prata] é mesmo um milagre”, diz. Moreira é dos mais ativos narradores de memórias no blog do elenco, em www.grupogalpao.com.br/blog.

Das viagens iniciais a bordo de duas Brasílias, a de Moreira e a do colega Chico Pelúcio, passando pela Veraneio transformada em palco em “Romeu e Julieta” (1992), até a miniatura do ônibus do moleque de “Cabeça de Cachorro”, em “Pequenos Milagres”, o 17º espetáculo, o Galpão já rodou por 38 cidades brasileiras e 17 países.

A vocação mambembe permanece, mas amadureceu. Sobretudo a partir de 2000, quando o coletivo conquistou patrocínio exclusivo da Petrobrás (R$ 2,7 milhões/ano), o que passou a garantir produção das peças, turnês, remuneração da equipe, manutenção da sede, comprada em 1989 etc.

Há ainda um segundo braço, o centro cultural Cine Horto, na mesma rua Pitangui da zona leste da capital mineira, aberto em 1998 e mantido por lei de incentivo (Usiminas e Cemig, cerca de R$ 1 milhão em 2006).

Uma das características do Galpão é que se trata de um núcleo de atores; não gira em torno de um diretor. Ora um deles assume a função, ora esta é delegada a um convidado, como Eid Ribeiro, Cacá Carvalho, Paulo José e Gabriel Villela -este dirigiu “Romeu e Julieta”, exibida inclusive no Globe Theatre de Londres (2000).

Curiosamente, Villela está em cartaz no Sesc Santana com “Salmo 91”, espetáculo do qual faz parte um dos 13 atores associados do Galpão, Rodolfo Vaz, que não participa da nova montagem. (Para completar as artes cênicas mineiras na cidade neste mês, o Grupo Corpo apresenta sua nova coreografia, “Breu”, no teatro Alfa.)

Moreira e Pelúcio atuam ao lado de Antonio Edson, Arildo de Barros, Beto Franco, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André e Simone Ordones. Com eles, o diretor Paulo de Moraes, convidado da vez, incorpora bagagem dos 20 anos da Armazém Cia. de Teatro, nascida em Londrina e radicada no Rio.

“O teatro no Brasil mudou muito nos últimos 20 anos. Incluindo o gosto do público. Os grupos fizeram um trabalho de formação de platéia, mais disposta a diálogos com produções sofisticadas em relação ao pensamento, um dos princípios do teatro feito em grupo”, diz Moraes.

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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