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Folha de S.Paulo

Teatro ocupa espaços públicos de SP

13.4.2008  |  por Valmir Santos

São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

TEATRO 

Quatro espetáculos estão sendo realizados nas praças Roosevelt e República, no parque Villa-Lobos e no viaduto do Chá
“Línguas Discordantes” expõe o conflito entre um morador de rua e um jornalista; obra de Henfil inspira “Top! Top! Top!”

Quatro espetáculos estão sendo realizados nas praças Roosevelt e República, no parque Villa-Lobos e no viaduto do Chá

“Línguas Discordantes” expõe o conflito entre um morador de rua e um jornalista; obra de Henfil inspira “Top! Top! Top!” 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

O lixeiro passa para recolher um saco plástico cheio, na praça, mas um espectador avisa que o lixo é do personagem da peça, um morador de rua. 
 
Aconteceu duas semanas atrás, durante uma apresentação de “Línguas Discordantes”, na área em frente ao Espaço dos Satyros Um, na praça Franklin Roosevelt. “Quando soube que era teatro, o lixeiro ficou mais uns 15 minutos assistindo, antes de voltar ao trabalho”, diz o ator e autor Wolff Rothstein, da Confraria da Criação. 
 
Espaços públicos como a rua, o parque e a praça acolhem cidadãos-personagens em outras montagens, como “Top! Top! Top!”, que o grupo IVO 60 leva ao parque Villa-Lobos; a intervenção “A Última Palavra É a Penúltima”, que o Teatro da Vertigem faz na passagem subterrânea do viaduto do Chá; e “Reis de Fumaça”, que a Companhia do Feijão apresenta na praça da República. “Línguas Discordantes” expõe o conflito entre um morador de rua e um jornalista. A disputa pela calçada logo arrefece diante do diálogo que derruba outros muros. 
 
A obra de Henfil inspira o espetáculo “Top! Top! Top!”, que o grupo IVO 60 encena no anfiteatro do Villa-Lobos. Para o diretor Pedro Granato, a arquitetura à la arena grega corresponde ao espírito de luta do cartunista pela democracia, quando usava o riso crítico contra a ditadura militar. 
 
“Ele foi um cara que sempre dialogou com o público, seja o intelectual, o politizado ou o torcedor da geral”, diz o diretor. Como as demais peças, “Top!…” tem sessões gratuitas. 

Danças populares
A Companhia do Feijão ocupa a praça da República com “Reis de Fumaça”, concebido a partir de pesquisa sobre as danças dramáticas populares do Brasil e de experiências pessoais do elenco. A dramaturgia e a direção são assinada por Pedro Pires e Zernesto Pessoa. 
 
O texto “O Esgotado”, de Gilles Deleuze, inspira a parceria do Teatro da Vertigem com as companhias Zikzira, de Belo Horizonte, e LOT, do Peru. Fala do ator a partir do estado de esgotamento. Em 2004, a mesma galeria sob o viaduto do Chá teve banheiros ocupados por “Evangelho para Lei-gos”, do grupo Artehúmus. 



Peça: Top! Top! Top! 
Onde: anfiteatro do pq. Villa-Lobos (av. Prof. Fonseca Rodrigues, 2.001, tel.: 3023-0316) 
Quando: sáb. e dom., às 16h30; até 22/6
 
Peça: A última palavra é a penúltima
Onde: passagem subterrânea da r. Xavier de Toledo; tel.: 3255-2713 
Quando: hoje, seg. e ter., às 19h e 21h

Peça: Línguas Discordantes
Onde: pça. Franklin Roosevelt, Espaço dos Satyros Um, tel.: 3258-6345 
Quando: sáb., às 19h; até 29/3

Peça: Reis de fumaça
Onde: pça. da República, s/ nº, tel.: 3259-9086 (sede) 
Quando: sex., às 16h; até 2/5 

Quanto: grátis (todas as peças) 

 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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