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Reportagem

Fernando Kike Barbosa aposta em dramaturgia

1.4.2014  |  por Fábio Prikladnicki

Foto de capa: Ariel Aguiar

Ator conhecido na cena gaúcha, Fernando Kike Barbosa, 49 anos, tem experimentado uma guinada em sua carreira teatral. Sem deixar de atuar, tornou-se um prolífico dramaturgo. No ano passado, estrearam dois espetáculos escritos por ele. Pequenas violências – silenciosas e cotidianas, que retorna a cartaz a partir deste sábado, no Teatro de Arena, em Porto Alegre, é um trabalho da Cia. Stravaganza sobre um atropelamento sem vítimas fatais contado do ponto de vista de diferentes testemunhas. O texto ganhou o Prêmio Ivo Bender de dramaturgia de 2011, concedido pela Secretaria Municipal da Cultura e pelo Instituto Goethe. No final deste mês, voltará a cartaz Circo de horrores e maravilhas, em parceria com Vera Parenza, uma peça de teatro de rua do grupo Oigalê que trata da questão das diferenças por meio de figuras circenses.

Também no próximo fim de semana, segue em cartaz a temporada de estreia de Zona paraíso, outra parceria de teatro de rua de Kike com Vera que consiste em uma releitura satírica da criação do mundo encenada pelo grupo Povo da Rua.

“Usualmente, o fazer teatral envolve questões de horário e conta com muita gente. Quando escrevo, sinto-me ainda dentro da questão teatral, mas com mais autonomia (do que no trabalho como ator). Mesmo quando crio com a Vera, são menos pessoas envolvidas”, observa Kike.

Atores da Cia. Stravaganza em 'Pequenas violências...'Sem créditos

Ranzolin e Janaina em ‘Pequenas violências…’

Formado no grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, ele trabalhou como ator sob a direção de conhecidos encenadores do Rio Grande do Sul, como Roberto Oliveira, Camilo de Lélis, Decio Antunes e Patrícia Fagundes. Hoje, está estabelecido na Cia. Stravaganza, de Adriane Mottola, grupo que deve estrear, no segundo semestre, um novo texto seu. Intitulado provisoriamente Ser/estar, marcará a volta aos palcos da atriz Arlete Cunha, há sete anos sem atuar.

“Essa peça vai tratar da passagem do tempo, de onde estamos, quem somos, de nossa identidade. Está surgindo como um fluxo de pensamento”, explica Kike, que identifica referências de Ingmar Bergman e de Antonin Artaud em sua escrita teatral.

O outro texto no qual trabalha, ainda sem previsão de estreia, chama-se Inverno e deve ser um monólogo que poderá ter atuação e direção do próprio Kike. Trata de um sujeito no fim da vida que relembra fatos de sua existência. Aqui, há irradiações de Malone morre, de Beckett, e Leite Derramado, de Chico Buarque.

“Estou feliz nesta nova fase”, comemora Kike. “É um processo de descobrimento de novas possibilidades.”

.:. Publicado originalmente no jornal Zero Hora, Segundo Caderno, p. 3, em 1/4/2014.

Serviço:
Pequenas violências – silenciosas e cotidianas
Quando: Sábado e domingo, às 20h. De 5 a 27/4.
Onde: Teatro de Arena (Avenida Borges de Medeiros, 835, Centro, Porto Alegre, tel. 51 3226-0242).
Quanto: R$ 20.

Ficha técnica:
Texto e direção: Fernando Kike Barbosa
Com: Cassiano Ranzolin, Janaina Pelizzon, Liane Venturella, Rafael Guerra e Rodrigo Mello
Trilha sonora original: Paulo Arenhart
Figurino: Coca Serpa
Iluminação: Cia. Stravaganza
Produção: Cia. Stravaganza
Realização: Cia. Stravaganza

Jornalista e doutor em Literatura Comparada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É setorista de artes cênicas do jornal Zero Hora, em Porto Alegre (RS). Foi coordenador do curso de extensão em Crítica Cultural da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS). Já participou dos júris do Prêmio Açorianos de Teatro, do Troféu Tibicuera de Teatro Infantil (ambos da prefeitura de Porto Alegre) e do Prêmio Braskem em Cena no festival Porto Alegre Em Cena. Em 2011, foi crítico convidado no Festival Recife de Teatro Nacional.

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