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Reportagem

MITsp deve trazer grupo colombiano com 2 peças

1.2.2015  |  por Valmir Santos

Foto de capa: Divulgação/La Maldita Vanidad

A companhia colombiana La Maldita Vanidad Teatro deve ser confirmada no início desta semana na programação da 2ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, a MITsp, conforme apurou Teatrojornal [Atualização em 19/2: os organizadores acabam de anunciar a vinda da companhia, conforme serviço detalhado abaixo, com venda pelo site Ingresso Rápido a partir de 24/2, terça-feira]. Seria a primeira vez que o grupo formado há cinco anos e emergente do teatro de pesquisa em Bogotá se apresentaria na capital paulista. E em dose dupla com o projeto “Actos inevitables del hombre”, de 2013, que compreende as peças Morir de amor – Segundo acto inevitable: morir e Matando el tiempo – Primer acto inevitable: nacer, respectivamente quarta e quinta produções da companhia.

Se a dobradinha for confirmada, a MITsp consolidará 12 espetáculos a serem apresentados entre 6 e 15 de março. A venda antecipada de ingressos pela internet abre na quinta-feira, 5/2.

Ambas as peças têm texto e direção de Jorge Hugo Marín, 34 anos, em colaboração com a equipe que gosta de ser associada a um laboratório de criação.

Em Morir de amor, seis personagens participam do velório de um jovem morto em circunstâncias confusas. Mãe, irmãos, vizinho, amiga e o amante cumprem o rito fúnebre num dos cômodos da casa da família dele, de poucos recursos.

A dor reforça o grau de exposição de subterfúgios e a incomunicabilidade. Há a ignorância frente à diferença, os tabus em relação ao corpo, à morte, às preferências sexuais, à doença. Condutas e situações crescentes em determinados setores da população (colombiana e universal) pela falta de acesso à informação e por padrões morais, religiosos e culturais impostos e herdados, bem como deformados pelo tempo.

A ação de Matando el tiempo se passa no pátio de uma casa, em meio a tradicional almoço familiar de domingo. Onze personagens destilam a cobiça e o abuso de poder também herdado. A dramaturgia toma como inspiração a tragédia Ricardo 3º, de Shakespeare, para iluminar contradições da sociedade em que o poder é detido por poucas famílias convertidas em donas da nação. A chegada de um filho gera expectativa quanto à perpetuação dos mecanismos de opressão vindos desde o avô, como manda a árvore genealógica.

'Morir de amor', da companhia La Maldita VanidadDivulgação/La Maldita Vanidad

‘Morir de amor’, da companhia La Maldita Vanidad

Como na trilogia “Sobre algunos asuntos de familia” (El autor intelectual, 2009; Los autores materiales, 2010; e Como quieres que te quiera, 2011), vista parcialmente no FIT-BH de 2012 e na íntegra no Mirada de Santos de 2014), a companhia é inclinada a recortes sociais e políticos, ocupa espaços não convencionais (de preferência habitações reais), mantém um personagem oculto catalisador, aproxima o espectador cada vez mais da cena (20 a 30 pessoas por sessão) e opera texto, atuação e direção com ênfase no realismo e desejo de imprimir atmosfera cinematográfica.

Formada em setembro de 2009, La Maldita Vanidad (o nome da companhia lança vigília sobre a vaidade demasiado humana) tem circulado por festivais latino-americanos e europeus. Abriu sua própria Casa em 2013, no bairro de Palermo, em Bogotá, onde se apresenta, ministra oficinas, promove leituras, faz intercâmbios com outros coletivos e administra um café.

Durante a edição de 2014 do Festival Iberoamericano de Teatro, na capital colombiana, o colóquio “Primavera teatral bogotana” incluiu Jorge Hugo Marín na nova geração de autores de 30 a 40 que também costumam dirigir seus textos em coletivos, como Verónica Ochoa, Víctor Quesada, Felipe Vergara, Felipe Botero, Carolina Mejía, Santiago Merchant, Martha Gómez e William Guevara.

.:. O site da companhia La Maldita Vanidad Teatro, aqui.

.:. Reportagem sobre as dez obras já confirmadas na mostra, aqui.

.:. O site da MITsp, aqui.

Serviço confirmado:
Morrer de amor, segundo ato inevitável: morrer
Quando: de 9 a 11/3, às 16h
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo, tel. 11 3221-5558)
Quanto: R$ 20

Matando o tempo, primeiro ato inevitável: nascer
Quando: 13 a 15/3, às 17h
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade
Quanto: R$ 20

Ficha técnica:
Morir de amor – Segundo acto inevitable: morir
Texto e direção: Jorge Hugo Marín
Atuação: Carmenza Cossio, Juanita Cetina, Daniel Diaza, Andrés Estrada, Miguel Gonzáles, Erick Joel Rodríguez, Juan Pablo Acosta, Juan Pablo Urrego e Sebastian Serrano.
Assistente de direção: Fernando de la Pava

Matando el tiempo – Primer acto inevitable: nacer
Texto e direção: Jorge Hugo Marín
Atuação: Carmenza Cossío, Ella Becerra, María Soledad Rodríguez, María Adelaida Palacio, Angélica Prieto, Fernando de la Pava, Juan Manuel Lenis, Ricardo Mejía, Miguel González, Santiago Reyes e Daniel Díaza
Assistente de direção: Valeria Bórdamalo
Figurinos: El otro Trapo
Arte: Juan Carlos Mazo
Produção executiva: Wilson García
Produção geral: La Maldita Vanidad

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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