24.2.2010 | por Valmir Santos
São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007
TEATRO
Protagonista de “O Céu de Suely” participa de “As Três Viúvas de Arthur” e de “Angu de Sangue” no Festival de Teatro de Curitiba
Autodidata, atriz começou nos palcos aos 16; na mostra, está em adaptação de contos de Marcelino Freire e em história de Arthur de Azevedo
VALMIR SANTOS
Enviado especial a Curitiba
Entre as flores recebidas pela estréia da noite anterior e as luzinhas do espelho no camarim do teatro, Hermila Guedes diz à fotógrafa: “De uns tempos para cá, todos me pedem uma postura glamourosa”. É um papel (ou pose) a que a atriz de 26 anos não se submete -pelo menos ainda não, apesar do cenário propício a afetações.
A antiestrela pernambucana, de longas como “O Céu de Suely” e “Cinema, Aspirinas e Urubus”, sobe ao palco em duas montagens no Festival de Curitiba. Hoje e amanhã, na programação da mostra paralela, no teatro José Maria Santos, ela integra o Coletivo Angu de Teatro com “Angu de Sangue”, adaptação de contos do livro de mesmo nome do conterrâneo Marcelino Freire.
No início da semana, interpretou no teatro Guairinha uma das protagonistas de “As Três Viúvas de Arthur”, com textos do maranhense Arthur Azevedo (1855-1908), atração da mostra oficial e fruto do projeto O Aprendiz em Cena, do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo-Hermilo, de Recife.
Autodidata
Entre o drama contemporâneo que estreou em 2003 e a comédia clássica de 2005, Guedes diz que vai “aprendendo a fazer teatro”. A formação, autodidata, começou aos 16 anos, quando ela e vizinhos foram incentivados pelo ator veterano João Ferreira a participar de um espetáculo.
“Tudo o que fiz foi na prática, meio a pulso”, afirma a atriz. “Para crescer como artista, o ideal é trabalhar com gente grande, porque você se esforça para ficar no nível dessas pessoas”, avalia.
Na roda de “pais e mães amigos”, como diz, estão o próprio Ferreira, a atriz e produtora Lúcia Machado, os diretores Kleber Lourenço (com quem trabalhou em “O Amor por Anexins”, uma das três histórias das “Viúvas” de Azevedo), Marcondes Lima (de “Angu de Sangue”) e os cineastas Karim Aïnouz e Marcelo Gomes. “Sorte não faltou.”
Em Curitiba, na peça de Azevedo, Hermila Guedes -no papel de uma costureira viúva assediada por um sujeito viciado em provérbios- contracenou com Alfredo Borba, filho do teatrólogo Hermilo Borba Filho (1917-1976), fundador do seminal Teatro do Estudante de Pernambuco (1946-1953).
O cruzamento de gerações culmina em bom momento para o teatro local, na percepção da atriz. “O movimento de teatro está se renovando em Pernambuco, como aconteceu com a música e o cinema.”
Num dos contos de “Angu de Sangue” (a escrita de Freire é urgente e atropela vírgulas e pontos para tocar em feridas de miséria e violência), uma criança de seis anos é estuprada e assassinada. Na cena, Guedes entoa um canto dolente “de chorar”. As outras nove narrativas não ficam atrás.
Sobre futuros textos para teatro, ela ainda não se considera uma pessoa “muito estudiosa e conhecedora de dramaturgia”, mas promete, entre risos, começar a ser. Desvia do “eu” profundo. “Não dá para criar uma personagem de mim mesma. Fiz isso uma fez, no “Céu de Suely”, e está bom, não foi fácil”, afirma. E “viaja”: “Ainda não sou uma pessoa que cria coisas; sou uma criatura dos criadores.”
Intolerância
O Coletivo Angu também traz para o Fringe “Ópera”, sábado e domingo, no mesmo José Maria Santos, reunião de quatro peças curtas de Newton Moreno (“Assombrações do Recife Velho”), dramaturgo pernambucano radicado em São Paulo.
Na encenação de Lima, sete atores, entre eles a transexual Maite Schneider, vivem personagens que ora enfrentam a intolerância do outro, ora tentam se afirmar na vida amorosa.
“O Cão”, por exemplo, narra as desventuras de um cachorro gay e os reflexos sobre a família de seu dono quando a condição vem a público. Não demora e tanto o pastor alemão como o vira-lata morrem por envenenamento.
16º Festival de Teatro de Curitiba
Quando: de 22/3 a 1/4
Quanto: R$ 26 (na mostra paralela Fringe, de entrada franca a R$ 24); mais informações: tel. 0/xx/41/ 4063-6290 e
4.5.2009 | por Valmir Santos
São Paulo, segunda- feira, 04 de maio de 2009
TEATRO
Grupo Yuyachkani abre hoje evento que acontece até domingo no CCSP
Coletivo dá sua versão a passagens históricas no Peru do século 20, em peça de tom documental; o Galpão mostra obra em progresso
VALMIR SANTOS
Colaboração para Folha, em Lima
Alberto Fujimori e o grupo guerrilheiro Sendero Luminoso viraram sinônimos de violência e autoritarismo no Peru contemporâneo. A condenação do ex-presidente a 25 anos de cadeia, no mês passado, e a vitória do filme “La Teta Asustada” (sobre filhas de mulheres estupradas durante o conflito com a guerrilha) no Festival de Berlim deste ano põem a revisão histórica na ordem do dia.
Quem dá a sua versão teatral para essas e outras passagens do século 20 peruano é o Grupo Cultural Yuyachkani, coletivo surgido há 38 anos e batizado com a expressão do idioma quéchua, que significa “estou pensando, estou recordando”.O Yuyachkani abre hoje a 4ª Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo com seu espetáculo mais recente, “El Último Ensayo” (2008). Durante uma semana, o evento gratuito da Cooperativa Paulista de Teatro reúne, no Centro Cultural São Paulo, 12 produções de seis países, sete nacionais e cinco estrangeiras (veja destaques em quadro nesta página).No enredo, sete artistas preparam homenagem a uma diva legendária do canto lírico. São cantores, instrumentistas e dançarinos sob a batuta de uma maestrina. Enquanto aguardam, partitura à parte, desfilam idiossincrasias pessoais ou profissionais que terminam por dizer mais a respeito do país onde vivem: a bandeira peruana ziguezagueia o tempo todo em busca de um lugar.
Arte e vida
A ação transcorre num velho teatro, outrora uma sala de cinema. “El Último Ensayo” deseja colocar em xeque noções de representação e de presença. A criação colaborativa dirigida por Miguel Rubio Zapata e escrita por Peter Elmore é alinhada ao teatro documento, que ganha corpo no repertório do grupo nesta década.
Segundo Zapata, a ideia é diluir fronteiras entre arte/vida, ficção/realidade em peças, instalações, performances ou intervenções. Conhecido pelo ativismo na celebração da cultura popular andina, o Yuyachkani desenvolveu ações em várias cidades durante audiências públicas de uma comissão que rastreou 69 mil crimes e violações aos direitos humanos entre 1980 e 2000.
O tom documental é emoldurado em alguns momentos com a projeção de imagens em preto e branco de figuras representativas do poder político. Desfilam Fujimori, George W. Bush, Fidel Castro, Lula etc.
Sob o tema “Tradição e Atualidade”, a mostra traz ainda o uruguaio El Galpón, que completa 60 anos em setembro e monta “Un Hombre Es un Hombre” (2008), texto de Bertolt Brecht, com direção de María Azambuya.
O xará brasileiro Galpão, de Belo Horizonte, que também já montou “Um Homem É Um Homem” (2006), agora compartilha um espetáculo em progresso, previsto para junho, “Till Eulenspiegel” -com texto de Luis Alberto de Abreu e direção de Júlio Maciel.
20.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, terça- feira, 20 de maio de 2008
TEATRO
Cantora luso-brasileira e Kazuo Ohno inspiram espetáculo de teatro-dança que o diretor remonta em SP
Emilie Sugai é dançarina convidada a contracenar com elenco do CPT; no palco, o samba mistura-se à expressão corporal do butô, nô e kabuki
VALMIR SANTOS
da reportagem local
“Você não é do tempo em que todo mundo era obcecado por Carmen Miranda?”, questiona à reportagem Antunes Filho, 78. “Não estou discutindo politicamente se ela foi usada pelo [presidente norte-americano Franklin] Roosevelt ou não, mas apenas usando o mito para compor um poema teatral.” Antunes guarda, ele mesmo, certa obsessão com a primeira experiência radical de teatro-dança de sua carreira, “Foi Carmen” (2005). O espetáculo teve poucas sessões naquele ano (Japão, Festival de Teatro de Curitiba) e é remontado a partir de hoje no Sesc Anchieta, em São Paulo. “Virou uma obra cult. Isso me assusta um pouco”, diz Antunes. Ele convida o público a transitar por uma profusão de citações entre os mundos ocidental e oriental.
A alusão explícita à atriz e cantora luso-brasileira Carmen Miranda (1909-55), com canções, gestos, figurinos e adereços (samba, em suma), surge junto com referências ao butô, ao nô e ao kabuki, variações de gêneros dramáticos milenares e contemporâneos da dança e do teatro japoneses -luvas para o centenário da imigração.
“Faço uma reflexão sobre o tempo, o espaço, o movimento e as pulsações ocidental e oriental desses elementos em cena”, diz Antunes. A palavra sucumbe à expressão do corpo.
Na origem desse projeto híbrido, repousa uma homenagem ao dançarino japonês Kazuo Ohno, 101, que o diretor conheceu em 1980. A parte final do espetáculo faz um paralelo entre os mitos de Carmen e da bailarina argentina Antonia Mercé y Luque (1890-1936), a quem Ohno dedicou o solo “Admirando la Argentina” (1977), o primeiro que Antunes viu.
Um enredo mínimo dá conta de uma menina (Paula Arruda) que sonha em ser Carmen Miranda. Em outros tempo e espaço, um malandro (Lee Thalor) percorre ruas do Rio e tem uma visão da própria (a dançarina convidada Emilie Sugai), um vulto sempre de costas, “porque ela foi, está morta”, diz Antunes. Há ainda uma passista (por Patrícia Carvalho).
Cinco vezes Antunes
Com “Foi Carmen”, o diretor atinge nesta semana cinco produções em cartaz em São Paulo com elencos mistos do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) e do Grupo de Teatro Macunaíma.
Da série “Prêt-à-Porter”, que faz dez anos, é possível assistir à “Coletânea 1” (ter., às 20h, no Sesc Avenida Paulista, até 24/ 6) e ao “Prêt-à-Porter 9” (sáb., às 18h30, no Sesc Consolação, até 30/8). Seguem ainda “Senhora dos Afogados” (sex. e sáb., às 21h, e dom., às 19h, no Sesc Anchieta, até 27/7) e “O Céu Cinco Minutos Antes da Tempestade”, do círculo de dramaturgia do CPT, coordenado por Antunes (sex., às 21h, no Sesc Consolação, até 25/7). “Falo aos atores: “O CPT é de vocês, não sou eu”. Tenho de descentralizar esse troço. Agora temos base para isso.”
Peça: Foi Carmen
Quando: estréia hoje, às 21h; ter., às 21h; até 29/7
Onde: Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000; classificação: 14 anos)
Quanto: R$ 2,50 a R$ 10
14.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008
TEATRO
“Amaro”, drama do ator e autor Luciano Schwab, que contracenou com Paulo Autran em “O Avarento”, estréia hoje em SP
Espetáculo mostra nuanças da vida amorosa em sete cenas curtas sobre queixas, despedidas e vazios de um relacionamento
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
7.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008
TEATRO
Sem arroubos de produção, nova peça de Hirsch liga as razões do coração à linguagem
Os atores Leonardo Medeiros e Arieta Corrêa dão vida à correspondência entre o autor russo Shklovsky e sua musa
VALMIR SANTOS
Enviado especial ao Rio
7.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008
TEATRO
Dionísio Neto recorre à metalinguagem em texto que esteve no Festival de Curitiba
Dramaturgo contracena com Simona Queiroz na montagem dirigida por Ivan Feijó, em cartaz a partir de hoje no Sesc Consolação
VALMIR SANTOS
Da Reportagem local
5.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008
TEATRO
Gratuita, 3ª Mostra de Teatro de Grupo acontece de hoje a domingo, no CCSP
La Candelaria, criada há 42 anos em Bogotá, procura interpretar a realidade sociopolítica por meio de caminhos poéticos
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
3.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008
TEATRO
Em “Loucos por Amor”, Francisco Medeiros tenta fugir dos estereótipos do caubói
Em cartaz no Coletivo Fábrica, montagem de texto de Sam Shepard tem no elenco Umberto Magnani, que completa 40 anos de palco
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008
TEATRO
Atriz fez pesquisa de campo para “Eu Quero Ver a Rainha”
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
A atriz Fabiana Fonseca, 29, passou parte de 2005 convivendo com prostitutas do Jardim Itatinga, em Campinas. A pesquisa de campo sobre a sexualidade e o erotismo femininos é retratada no espetáculo solo “Eu Quero Ver a Rainha”, que veio à luz naquele mesmo bairro, em 2006, e estréia hoje no Espaço dos Satyros 2.
O título é homônimo da letra de Jorge Ben Jor e, também, citação à figura da pombajira na umbanda. Fonseca diz ter consciência do quão complexo é focar o corpo da mulher no âmbito das profissionais do sexo, aferir desejos, medos, dores e prazeres.
“Foi um mergulho intenso, pesado, pleno em contradições que mexem com o íntimo. Sei que a criação artística reflete apenas parte daquele universo, em que também encontrei muito de mim.
“A “rainha” surge inicialmente como caricatura da garota dona de si, desbocada e na defensiva. Aos poucos, expõe histórias, feridas físicas e emocionais, até dar lugar à mulher comum, como tantas em que Fonseca viu refletir a si mesma na fala, no jeito de se vestir, na ilusão do grande amor.
Ela é acostumada a traduzir realidades marginalizadas por meio de técnicas como “mimese corpórea” (imitação) e Teatro do Oprimido (Augusto Boal). Atuou nos grupos Matula e Boa Cia. O solo a enredou por iniciativas sociais junto a associações de prostitutas.
No final do mês, organizará debate nos Satyros e, em junho, desfile da grife carioca Daspu na praça Roosevelt.
Peça: Eu quero ver a Rainha
Onde: Espaço dos Satyros 2 (pça. Franklin Roosevelt, 134, tel. 0/xx/11/ 3258-6345)
Quando: sex. e sáb., à 0h. Até 28/6
Quanto: R$ 5 a R$ 20
1.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008
TEATRO
Reencontro de triângulo amoroso é tema de “Tape”, de Belber, que estréia amanhã
Espetáculo que entra em cartaz no teatro Sérgio Cardoso põe três amigos de colégio num quarto de hotel passando histórias a limpo
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local