Em
um sistema-mundo disciplinador dos corpos e em um país que, por mais neurótico
que se mostre quanto a isto, tem grande parte de sua memória e conhecimento
calcados em manifestações culturais afro-indígenas de forte expressividade física,
a montagem de obras teatrais que prescindem da verbalização para explorar
outras potentes formas de contar estórias poderiam ser mais frequentes. Essa é
uma das conclusões possíveis após assistir à peça Cárcere ou Porque as mulheres
viram búfalos, encenação da dramaturgia de Dione Carlos pela Companhia
de Teatro Heliópolis, sob a direção de Miguel Rocha, em cartaz na Casa
Mariajosé de Carvalho, sede do grupo em São Paulo.