Menu

Nota

Chega a SP espetáculo-instalação ‘Farnese de saudade’

10.4.2014  |  por Teatrojornal

Estreia hoje em São Paulo, na Caixa Cultural da Sé, a curta temporada gratuita de Farnese de saudade. O solo de Vandré Silveira dirigido por Celina Sodré contempla vida e obra do artista plástico mineiro Farnese de Andrade (1926-1996), gênio esquecido e ícone internacional nos anos 1970 cuja trajetória é abordada pela primeira vez em perspectiva cênica, por isso a proposição de um espetáculo-instalação.

A estrutura cênica indicada ao Prêmio Shell do Rio em 2012 corresponde a uma gaiola de ferro desmontável no formato de uma cruz incrustada em um espaço repleto de areia (referência às praias que Farnese percorria na busca pelos objetos de suas obras, compondo suas assemblages).

O espetáculo tem dois momentos, um dentro e outro fora da gaiola. Na primeira parte o ator procura acessar o “pensamento criativo” de Farnese, como se pudéssemos vê-lo “construindo” o seu inconsciente em cenas permeadas pelos símbolos sacros, pelos fragmentos de memória da infância no interior de Minas Gerais. O cenário vai sendo montado, os objetos vão sendo colocados em cena de forma ritualística, como era a composição da obra do artista. Na segunda parte, a encenação se dá do lado de fora da gaiola. “E sua chegada ao Rio de Janeiro, quando ele encontra o mar e outra fase se inicia em sua vida”, diz o ator. Neste momento o personagem fala mais diretamente com o público.

Silveira encarna o artista e narra as suas experiências em primeira pessoa. Textos, entrevistas, depoimentos de pessoas próximas e até uma passagem do curta-metragem Farnese (1970), de Olívio Tavares de Araújo, são fontes que, conjugadas, formam o texto da peça. O espectador não vê uma “cópia” do artista plástico. O personagem brotou das sensações e impressões que o ator experimentou ao entrar em contato com sua história, com sua capacidade de exprimir o inconsciente nos objetos que criava. Na montagem paira um tempo que não existe mais: as memórias de família, a infância, o aprisionamento ao passado, os objetos simbólicos de uma época, a religiosidade incutida na cultura mineira. “Farnese de saudade elucida esse homem que foi salvo pela arte”, diz o ator e idealizador do projeto.

Silveira em ‘Farnese de saudade’, dirigido por Sodré

Ao final de cada apresentação haverá bate-papo com a plateia. Nos dias 11 e 13/4 (amanhã e domingo) a diretora Celina Sodré ministrará a oficina Objeto-personagem sobre o processo criativo e dramatúrgico do espetáculo-instalação. Sodré abraça este projeto em paralelo às pesquisas e criações da companhia Studio Stanislavski que dirige desde 1991 e do Instituto do Ator que coordena desde 1998, ambos no Rio. Ela investiga a narrativa não aristotélica e o ator como performer a partir do método das ações físicas de Stanislavski. No início do mês, defendeu doutorado na UNIRIO sob o título Jerzy Grotowski: artesão dos comportamentos humanos metacotidianos. Também é professora de interpretação da CAL – Casa das Artes de Laranjeiras.

Serviço:
Farnese de saudade
Onde: Caixa Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111, Centro, tel. 11 3321-4400).
Quando: Estreia hoje, às 19h15. Quinta a domingo, ás 19h15. Até 27/4.
Quanto: grátis (retirar ingressos na bilheteria com 1h de antecedência, 80 lugares).

Oficina:
Objeto-personagem
Quando: Dias 11 e 13/4, das 9h às 12h.
Com: Celina Sodré e participação de Vandré Silveira.
Público alvo: profissionais e estudantes de do teatro, 20 vagas.
Inscrição: gratuita, enviar currículo para o e-mail farnesedesaudade@gmail.com.

Ficha técnica:
Texto e concepção: Vandré Silveira
Direção: Celina Sodré
Elenco: Vandré Silveira
Assistente de direção: Tuini Bitencourt
Instalação cênica: Vandré Silveira
Iluminação: Renato Machado
Figurino: Celina Sodré
Pintura artística (cabeça e camisa): Antonio Sodré Schreiber
Vídeo: Sylvio Lima (Granmídia)
Fotografia de cena: Rodrigo Castro
Direção de produção: Davi de Carvalho
Produção local: Geondes Antônio
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Cenotécnica: Felício Alves (Companhia Cenográfica, BH/MG) e Hélio Lopes Barcelos
Realização: Travessia Produções
Apoio: Instituto do Ator / Studio Stanislavski

Pela equipe do site Teatrojornal - Leituras de Cena.

Relacionados