Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.
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textos
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21.4.2022 | por Valmir Santos
O mundo como palco ou moinho, posto que a vida é sonho. Shakespeare, Cartola e Calderón de La Barca são divisados em Derrota, espetáculo com artistas de Porto Alegre visto no Festival de Curitiba. No texto em prosa de Dimítris Dimitriádis (Grécia, 1944), sono e vigília perfazem a voz investida em se fazer escutar, eixo da linguagem na transposição ao monólogo teatral. A atuação de Liane Venturella, sob tradução e direção de Camila Bauer, veicula a palavra como organismo extensivo ao olhar, para além dos sentidos da escuta.
Leia mais25.3.2022 | por Valmir Santos
Feito pássaros que manobram durante o voo, controlando suas asas, Donizeti Mazonas e Edgar Castro equilibram-se numa área de pouco mais de metro de diâmetro, a metro e meio do tablado. O palquinho suspenso, um monolito circular metálico concebido pelo cenógrafo Eliseu Weide e como que expandido pela iluminação de Wagner Antonio, vira epicentro espaçotemporal do espetáculo Com os bolsos cheios de pão.
Leia mais11.3.2022 | por Valmir Santos
A Cia. Luna Lunera dispensa reticências no título da peça E ainda assim se levantar. No entanto, sua base textual, e mesmo a sintaxe do espetáculo, é permeada de três pontos. As pausas surgidas entre falas, pensamentos ou gestos não representam necessariamente silêncios, omissões, titubeios. Antes, são rumores gerados por exaustão existencial.
Leia mais21.1.2022 | por Valmir Santos
Vinte e três vozes cogitam sobre A identidade da atuação brasileira no documentário de 66 minutos. O título é assertivo, dispensa a interrogativa, mas parte das atrizes e atores abre dissonâncias quanto a uma presumida genuinidade no modo de atuar em espaços cênicos nacionais.
Leia mais15.12.2021 | por Valmir Santos
A justaposição de obras gestadas no curso da pandemia, exibidas em tempo real, e de gravações de performances anteriores à crise sanitária permitiram ao público do Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, o FILTE, atravessar coordenadas espaço-temporais produtivas em suas singularidades. No caso dos trabalhos internacionais da programação, que aconteceu de 22 a 28 de novembro, houve equilíbrio entre duas criações ao vivo e duas derivadas de arquivo e registradas, intuímos, sem supor que um dia seriam difundidas integralmente na rede mundial de computadores. Pelo menos três delas têm o corpo matricial em narrativas redimensionadas por meio de outras fisicalidades próprias das mídias que coabitam.
Leia mais14.12.2021 | por Valmir Santos
Uma das artérias do Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia desde a gênese do FILTE, em 2008, o encontro do Núcleo de Laboratórios Teatrais do Nordeste, o Nortea, transcorreu de modo virtual em 2021, como toda a programação artística, reflexiva e formativa do evento realizado de 22 a 28 de novembro. Nas primeiras duas tardes, cinco grupos trocaram práticas, criações e pensamentos por plataforma de videochamada aberta ao público. A pauta que principiou orientada pelo conceito de desmontagem resultou contextualizada a partir da constatação, praticamente consensual, de que os vídeos apresentados ficam aquém da exposição rememorativa de uma obra, suas prospecções, tentativas, acasos, descobertas, enfim, e constituem criações autônomas na imbricação das linguagens da cena e do vídeo, a maioria gerada no período da pandemia.
Leia mais28.10.2021 | por Valmir Santos
A imprensa esportiva costuma empregar o verbo “fulminar” na cobertura dos chamados combates viris. Assim como céus fulminam raios sobre as cabeças das pessoas, lutadores de boxe buscariam efeito semelhante ao derrubar adversários. O dicionário Houaiss exemplifica que “um possante soco de esquerda fulminou o pugilista”. Analogias à parte, não se trata de demonizar a modalidade cujas raízes vêm do século VII antes de Cristo, passam pelo jogos Olímpicos da Era Moderna, a partir de 1896, e chegam às leis brasileiras que proibiam as mulheres de praticar “desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”, como no decreto de 1941 do Conselho Nacional de Desportos, sob a ditadura de Getúlio Vargas. A percepção histórica desse fenômeno pode ser importante aliada diante do autodeclarado filme-espetáculo Dois garotos que se afastaram demais do sol, realização da Cia. Os Crespos de Teatro (SP), concebido sob o ponto de vista prevalente de duas artistas, a diretora e roteirista Lucelia Sergio, atriz cofundadora, e a também diretora Cibele Appes, da produtora Fuzuê Filmes. Elas fazem da adaptação da peça de Sérgio Roveri, 12º round, inédita nos palcos, uma experiência de infiltração feminista a contrapelo da cultura desse esporte, sem comprometimento das inerências poética e política do texto transposto ao audiovisual.
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