29.4.2007 | por Valmir Santos
São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007
TEATRO
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Em São Paulo, as maiores entidades estaduais do teatro divergem sobre a meia-entrada.
A Associação dos Produtores de Espetáculos (Apetesp) é contra a obrigatoriedade. “O desconto deveria ser abolido, e ficar a critério do produtor concedê-lo. Um espetáculo é o investimento de um grupo de artistas do qual outras pessoas usufruem sem contribuir”, diz o assessor da diretoria, Ascânio Pereira Furtado. “Não há alternativa para o produtor senão subir o valor do ingresso cheio.”
O presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Ney Piacentini, 46, discorda. “A gente está lutando pela formação de platéias. Nossa prioridade não é tratar o público como consumidor”, diz o também ator da Companhia do Latão.
Furtado se alinha com os produtores que pretendem fixar cota de 30% da bilheteria para as carteirinhas. Mas diz que o projeto-modelo da Apetesp é o da Campanha de Popularização, criada há 34 anos e subsidiada pelo Estado.
De março a junho de 2006, a Secretaria de Estado da Cultura paulista destinou cerca de R$ 140 mil mensais à associação, que repartiu a verba entre 30 a 40 peças em cartaz.
Os ingressos foram vendidos com, no mínimo, 60% de desconto. “Mais do que a metade exigida pelas carteirinhas”, diz Furtado.
Piacentini concorda com subsídio público, mas acha que não deve ser o único mecanismo. “Mais importante que o valor do ingresso é a necessidade de programas públicos que tornem o teatro acessível. Os espetáculos de rua, por exemplo, são mais democráticos do que os de sala”, diz.