São Paulo, sábado, 14 de julho de 2007
TEATRO
Peça com protagonista mineiro será encenada hoje e amanhã no Sesc Anchieta
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Um espetáculo da Venezuela sobre o enfrentamento do poder por um indivíduo pode suscitar a dúvida: é ou não uma peça com referência ao presidente Hugo Chávez? O diretor de “Hamlet”, Orlando Arocha, e seu protagonista, o brasileiro Ricardo Nortier, dizem que esta não é a questão.
“Não é nossa intenção direta, mas a peça traz pontes pela própria força das metáforas em Shakespeare”. diz Nortier, 37, ator mineiro radicado há dez anos em Caracas. “O público se identifica com os problemas latino-americanos. Tanto que o espetáculo se passa num quarto de fundo destruído, o local da casa onde se lava roupa suja.”
O “Hamlet” de Arocha tem apresentações hoje e amanhã, no Sesc Anchieta, e depois participa do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP).
“Na Venezuela, a situação está tão polarizada [do ponto de vista ideológico] que qualquer coisa passa necessariamente por questões políticas”, diz Arocha, 53.
Sua montagem, de 2004, aproxima a platéia do espaço cenográfico, no qual a opressão é sugerida pelo teto baixo e paredes estreitas, por onde vagam os personagens.
Criado há 20 anos, o grupo Contrajuego transita por um teatro de arte, segundo o diretor. São ao todo nove intérpretes, entre eles Eulalia Siso (Gertrudes), Ludwig Pineda (Claudio), Diana Peñalver (Ofélia) e Julio Bouley (Horãcio)