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“Espetáculo costura reflexões de Flaubert e Schopenhauer"

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“Espetáculo costura reflexões de Flaubert e Schopenhauer"

Folha de S.Paulo

São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

TEATRO 

Com direção de Marcio Aurélio, “A Metafísica do Amor” estréia amanhã em SP
 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local

Há cinco anos, no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP), o encenador Marcio Aurélio e o ator Paulo Marcello, ambos do premiado “Agreste”, co-fundadores da Cia. Razões Inversas (1990), apresentaram uma performance baseada em idéias do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). 

Agora, a experiência ganha corpo como espetáculo, somando-se a presença da atriz e bailarina Marilena Ansaldi em “A Metafísica do Amor”, a partir de amanhã, no teatro Sérgio Cardoso. Além da referência do título à obra do autor de “Metafísica do Amor, Metafísica da Morte”, que, entre outras questões, versa sobre instinto e sobrevivência, a montagem promove cruzamento com as provocações existenciais do francês Gustave Flaubert (1821-1880) em “As Tentações de Santo Antão”. 

“Apesar da visão romântica, as teorias de Schopenhauer são propícias à reflexão do caráter do homem contemporâneo, suas relações com a natureza, sua sexualidade, o amor, a morte”, diz Aurélio, 57. Flaubert serve como complemento para ler a sociedade atual. “Gosto do aspecto mítico de Santo Antão, personagem que viveu entre os séculos 3 e 4. 

É figura emblemática do cristianismo, se diferencia dos demais santos porque não tem uma busca muito firme de propósitos. Seu isolamento leva à autoreflexão sobre a existência”, diz Aurélio. “Flaubert escreveu o livro no momento em que a burguesia estava envolta no romantismo, mas também posicionava-se com atitudes.” A dramaturgia costurada em equipe por Aurélio é densa, não há propriamente um fio condutor. Em cena, um homem, em conflito, se alucina com o desejo reprimido. Em determinada passagem, surge o contraponto feminino com Ansaldi, que cria movimentos ao som de Vivaldi. 

Aurélio a dirigiu em “Hamletmachine” (1987) e “Desassossego” (2005). O desejo do espetáculo, diz o encenador, é pensar justaposições e reorganizações em tempos pós-modernos em que misturas e retaliações levam a novas identidades. No sábado, Marcio Aurélio embarca para a Espanha, onde dirige, de 13 a 15/7, a cantora portuguesa Maria João Pires no concerto “Schubertiade”, com participação de artistas internacionais, entre eles os brasileiros André Mehmari e Jussara Silveira. 



A metafísica do Amor
Quando: estréia amanhã, às 21h30; sex., às 21h30, sáb., às 22h e dom., às 20h; até 26/8 
Onde: teatro Sérgio Cardoso -sala Paschoal Carlos Magno (r. Rui Barbosa, 153, tel. 0/xx/11/3288-0136) 
Quanto: R$ 20