24.11.2006 | por Valmir Santos
São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2006
TEATRO
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Do epicentro Nova York, nos anos 70, passando pela chegada à França, na década seguinte, e com forte recepção no Brasil, também nos anos 80 e 90, a cultura hip hop não só expande seu território como cada vez mais interage com outras artes.
“Hoje, o que está em jogo na dança hip hop é continuar a explorar diferentes correntes artísticas inspiradoras da história da dança contemporânea”, afirma o bailarino e coreógrafo francês Hamid Ben Mahi, filho de imigrantes argelinos, que faz esta noite a última apresentação do solo “Chronics(s)” no Sesc Ipiranga, em São Paulo.
A palavra em cena
O projeto marca o encontro de Ben Mahi, de formação básica autodidata, com o diretor de teatro Michel Schweizer, também francês. O espetáculo intercala decomposição, misturas e combinações nos movimentos do corpo (inclusive releitura da dança clássica) ao mesmo tempo que faz uma reflexão sobre o sentido da palavra em cena.
Projeções em vídeo apóiam as narrativas gestuais e verbais na chave do depoimento pessoal e de assuntos polêmicos, como o racismo e a xenofobia.
“A cultura hip hop nasce da urgência. A urgência de experimentar e de reivindicar sua existência”, afirma Ben Mahi, fundador da cia. Hors Série.
“Ela é universal e onipresente em todas as artes: o teatro, a música, as artes de rua, o circo, o cinema”.
Para o adido cultural da França em São Paulo, Philippe Ariagno, o trabalho de Ben Mahi soma-se às passagens recentes pela cidade do bailarino e ator francês Pierre Rigal (“Erection”) e do cenógrafo Philippe Quesne (“La Démangeaison des Ailes”), artistas adeptos do hibridismo na arte.
Para Ariagno, “Cronic(s)” é uma “resposta perfeita aos acontecimentos que inflamaram as periferias das cidades francesas meses atrás”.