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“Japoneses mostram seu teatro total"

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Folha de S.Paulo

São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

TEATRO 
Ishin-Ha busca o limite de cada linguagem em “A Porta do Verão”

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Publicações dedicadas ao teatro contemporâneo ganharam novas edições no fim de 2005 e neste começo de ano no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Iniciativa do grupo carioca Teatro do Pequeno Gesto, a revista “Folhetim” nº 22 é dedicada ao projeto “Convite à Politika!”, organizado ao longo do ano passado. Entre os ensaios, está “Teatro e Identidade Coletiva; Teatro e Interculturalidade”, do francês Jean-Jacques Alcandre. Trata da importância dessa arte tanto no processo histórico de formação dos Estados nacionais quanto no interior de grupos sociais que põem à prova sua capacidade de convivência e mestiçagem.
Na seção de entrevista, “Folhetim” destaca o diretor baiano Marcio Meirelles, do Bando de Teatro Olodum e do Teatro Vila Velha, em Salvador.
O grupo paulistano Folias d’Arte circula o sétimo “Caderno do Folias”. Dedica cerca de 75% de suas páginas ao debate “Política Cultural & Cultura Política”, realizado em maio passado no galpão-sede em Santa Cecília.
Participaram do encontro a pesquisadora Iná Camargo Costa (USP), os diretores Luís Carlos Moreira (Engenho Teatral) e Roberto Lage (Ágora) e o ator e palhaço Hugo Possolo (Parlapatões). A mediação do dramaturgo Reinaldo Maia e da atriz Renata Zhaneta, ambos do Folias.
Em meados de dezembro, na seqüência do 2º Redemoinho (Rede Brasileira de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral), o centro cultural Galpão Cine Horto, braço do grupo Galpão em Belo Horizonte, lançou a segunda edição da sua revista de teatro, “Subtexto”.
A publicação reúne textos sobre o processo de criação de três espetáculos: “Antígona”, que o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) estreou em maio no Sesc Anchieta; “Um Homem É um Homem”, encenação de Paulo José para o próprio Galpão, que estreou em outubro na capital mineira; e “BR3”, do grupo Teatro da Vertigem, cuja previsão de estréia é em fevereiro.
Essas publicações, somadas a outras como “Sala Preta” (ECA-USP), “Camarim” (Cooperativa Paulista de Teatro”) e “O Sarrafo” (projeto coletivo de 16 grupos de São Paulo) funcionam como plataformas de reflexão e documentação sobre sua época.
Todas vêm à luz com muito custo, daí a periodicidade bamba. Custo não só material, diga-se, mas de esforço de alguns de seus fazedores em fomentar o exercício crítico, a maturação das idéias e a conseqüente conversão para o papel -uma trajetória de fôlego que chama o público para o antes e o depois do que vê em cena.
Folhetim nº 22
Quanto: R$ 10 a R$ 12 (114 págs)
Mais informações: Teatro do Pequeno Gesto (tel. 0/xx/21/2205-0671; www.pequenogesto.com.br)
Caderno do Folias
Quanto: R$ 10 (66 págs)
Mais informações: Galpão do Folias (tel. 0/xx/11/3361-2223; www.galpaodofolias.com)
Subtexto
Quanto: grátis (94 págs; pedidos por e-mail: cinehorto@grupogalpao.com.br)
Mais informações: Galpão Cine Horto (tel. 0/xx/31/3481-5580; www.grupogalpao.com.br)

Em tradução livre, por Erika Yamauti, o nome da companhia japonesa Ishin-Ha significa “Partido da Revolução”. A trupe nasceu há 25 anos, em Osaka, motivada a confrontar as tradições nas artes cênicas. O que não implica mera ruptura.

“O teatro japonês é múltiplo, as várias correntes se respeitam e de certa forma se harmonizam. A vanguarda remete muitas vezes ao antigo”, disse o diretor Yukichi Matsumoto, 59, à Folha.

Ele é um dos fundadores da Ishin-Ha, que vem ao Brasil com o espetáculo mais recente, “A Porta do Verão” (“Natsu no Tobira”).

Em dez cenas com 28 atores-dançarinos, o espetáculo flagra um típico dia da estação, sob o ponto de vista de uma menina (Yuriko Koyama) que passa as férias assistindo à televisão e funde fantasia e realidade.

As apresentações acontecem de amanhã a domingo no Sesc Santos. Abaixo, os principais trechos da entrevista com Matsumoto.


O DESAFIO – O embate para o criador é exatamente usar as formalidades clássicas para alcançar a contemporaneidade. A Ishin-Ha já trabalhou com contos tradicionais japoneses. Acho que as peças clássicas têm características de contos e, nesse sentido, os jovens podem entender melhor seu significado, sua narrativa, de modo presente.


A MUSICALIDADE
– 
O termo Jan Jan Ópera tem a ver com os “chindonyá”, artistas de rua que antigamente andavam pelas vilas japonesas, tocando tambor, pratos, cornetas e divertindo as pessoas com o barulho, conhecido como “jan jan”. Eu busco preservar a musicalidade das palavras. Se respeitarmos a musicalidade contida nas palavras faladas, não é preciso colocar outra música. Chamar isso de ópera nos causa uma certa angústia. Por outro lado, chamar de musical também se distancia muito. Por isso, tento construir um musical sem música, utilizando a música do cotidiano.
 

O TEATRO TOTAL – Eu penso no teatro realmente como uma experiência completa. Existe um tipo de teatro, é claro, que remete à palavra, mas o que eu chamo de teatro total, que é o objetivo do Ishin-Ha, é tentar extrair a máxima potência, a especificidade de cada linguagem, seja a música, a dança, o espaço cênico. A minha concepção de cenário, por exemplo, é que ele seja como os atores: se transforme e se movimente. 



A Porta do Verão 
Quando:
 amanhã e sáb., às 20h30; dom., às 20h
Onde: Sesc Santos (r. Conselheiro Ribas, 136, Santos, tel. 0/xx/13/3227-5959).
Quanto: de R$ 10 a R$ 20 – ingressos esgotados