São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006
TEATRO
Grupo, que completa sete anos, une lendas urbanas à “Odisséia”, de Homero
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Quando o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos lançou o projeto de intervenções artísticas “Urgência nas Ruas”, em 2001, as ruas do centro de São Paulo eram lidas como um “mar sem fim”. Ao tomar a “Odisséia”, de Homero, como referência para o seu novo espetáculo, a diretora Claudia Schapira descobriu que a metáfora era mais palpável do que imaginava. Na Grécia Antiga, todo pedaço de terra equivalia à propriedade privada e o único espaço neutro era o mar, para onde as pessoas erravam em busca de liberdade -isso antes que surgisse a ágora, a praça do povo.
Navio negreiro
A partir deste Dia da Pátria, os espectadores, segundo Schapira, embarcam num “navio negreiro”, nas ondas de “Frátria Amada – Pequeno Compêndio de Lendas Urbanas”. A reunião de cidadãos gregos que faziam sacrifícios aos deuses era chamada de frátria. Schapira, que também assina o roteiro, costura com sua equipe histórias de personagens da metrópole, autodenominados “zés-ninguém”.
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Sujeitos como o migrante nordestino que revê a volta da selva de pedra; a artista que foi trabalhar como balconista no exterior e viu que seu lugar era aqui; e o detento que se recusa a fazer acordo com o diretor de presídio. Todos refletem a respeito de outras possibilidades em suas vidas.
Com direção musical do DJ Eugênio Lima, direção de arte de Julio Dojcsar e 13 “atores-Mcs” em cena (teatro épico casado com cultura hip hop), o espetáculo faz parte da mostra de aniversário do grupo, “Bartolomeu, 7 Anos Nele Deu!”. Até dezembro, serão reapresentadas duas peças do repertório: “Acordei Que Sonhava” (27/10 a 17/11) e “Bartolomeu -Que Será Que Nele Deu?” (24/ 11 a 15/12). Estão previstos ainda lançamentos de livro, documentário e CD sobre o projeto “Urgência nas Ruas”, além de uma exposição e uma radionovela. Tudo por conta do Programa de Fomento ao Teatro.