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“PEspecial explora sociologia de Plínio Marcos"

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“PEspecial explora sociologia de Plínio Marcos"

Folha de S.Paulo

São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2005

TEATRO 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local

Publicações dedicadas ao teatro contemporâneo ganharam novas edições no fim de 2005 e neste começo de ano no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Iniciativa do grupo carioca Teatro do Pequeno Gesto, a revista “Folhetim” nº 22 é dedicada ao projeto “Convite à Politika!”, organizado ao longo do ano passado. Entre os ensaios, está “Teatro e Identidade Coletiva; Teatro e Interculturalidade”, do francês Jean-Jacques Alcandre. Trata da importância dessa arte tanto no processo histórico de formação dos Estados nacionais quanto no interior de grupos sociais que põem à prova sua capacidade de convivência e mestiçagem.
Na seção de entrevista, “Folhetim” destaca o diretor baiano Marcio Meirelles, do Bando de Teatro Olodum e do Teatro Vila Velha, em Salvador.
O grupo paulistano Folias d’Arte circula o sétimo “Caderno do Folias”. Dedica cerca de 75% de suas páginas ao debate “Política Cultural & Cultura Política”, realizado em maio passado no galpão-sede em Santa Cecília.
Participaram do encontro a pesquisadora Iná Camargo Costa (USP), os diretores Luís Carlos Moreira (Engenho Teatral) e Roberto Lage (Ágora) e o ator e palhaço Hugo Possolo (Parlapatões). A mediação do dramaturgo Reinaldo Maia e da atriz Renata Zhaneta, ambos do Folias.
Em meados de dezembro, na seqüência do 2º Redemoinho (Rede Brasileira de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral), o centro cultural Galpão Cine Horto, braço do grupo Galpão em Belo Horizonte, lançou a segunda edição da sua revista de teatro, “Subtexto”.
A publicação reúne textos sobre o processo de criação de três espetáculos: “Antígona”, que o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) estreou em maio no Sesc Anchieta; “Um Homem É um Homem”, encenação de Paulo José para o próprio Galpão, que estreou em outubro na capital mineira; e “BR3”, do grupo Teatro da Vertigem, cuja previsão de estréia é em fevereiro.
Essas publicações, somadas a outras como “Sala Preta” (ECA-USP), “Camarim” (Cooperativa Paulista de Teatro”) e “O Sarrafo” (projeto coletivo de 16 grupos de São Paulo) funcionam como plataformas de reflexão e documentação sobre sua época.
Todas vêm à luz com muito custo, daí a periodicidade bamba. Custo não só material, diga-se, mas de esforço de alguns de seus fazedores em fomentar o exercício crítico, a maturação das idéias e a conseqüente conversão para o papel -uma trajetória de fôlego que chama o público para o antes e o depois do que vê em cena.
Folhetim nº 22
Quanto: R$ 10 a R$ 12 (114 págs)
Mais informações: Teatro do Pequeno Gesto (tel. 0/xx/21/2205-0671; www.pequenogesto.com.br)
Caderno do Folias
Quanto: R$ 10 (66 págs)
Mais informações: Galpão do Folias (tel. 0/xx/11/3361-2223; www.galpaodofolias.com)
Subtexto
Quanto: grátis (94 págs; pedidos por e-mail: cinehorto@grupogalpao.com.br)
Mais informações: Galpão Cine Horto (tel. 0/xx/31/3481-5580; www.grupogalpao.com.br)

É como diz José Joffily, que dirigiu o filme “Dois Perdidos numa Noite Suja” (2000): Plínio Marcos “está à frente das ciências sociais”. Deveria ser visitado com mais freqüência pela academia e afins. O cineasta é um dos entrevistados no programa “Retratos Brasileiros”, do Canal Brasil, que reprisa a edição de 2003 dedicada ao dramaturgo santista.

Nunca é demais colocar Plínio Marcos (1935-99) na ordem do dia. Como ele mesmo dizia, suas peças permanecem lamentavelmente atuais não por causa dele, o autor, mas porque os contrastes sociais deste país são de tal forma arraigados que só reforçam aquela parcela humilhante de excluídos -acolhidos sem comiseração em seu teatro (há duas semanas, havia três peças dele em cartaz em São Paulo).

Em “Retratos”, a escrita pliniana serve ao recorte audiovisual a partir do depoimento de artistas e especialistas. São exibidos, por exemplo, trechos de dois filmes fundamentais de Braz Chediak. Chance de conferir -ainda que por breves segundos- elogiadas atuações de Glauce Rocha como a prostituta Neusa Suely, em “Navalha na Carne” (1969), ou a dupla Emiliano Quairoz e Nelson Xavier, em “Dois Perdidos” (1970).

Em ambas as peças, os conflitos explodem para além das paredes dos quartinhos de cortiço em que os personagens oprimidos também escalam, sem dó, formas paralelas de poder e exploração. Para além dessa confrontação política, como lembra o crítico Macksen Luiz, o realismo toca em feridas da natureza humana, o que também confere universalidade.

O programa cita ainda a passagem de Plínio pela televisão. Não como autor, mas ator. A criação do personagem Vitório na novela “Beto Rockfeller” (1968, TV Tupi) trazia muito do palhaço Frajola, que viveu a juventude em Santos. O humor é contraponto essencial ao autor para reportar a dor, a crueldade e algum lirismo nas “quebradas do mundaréu”. 



Retratos Brasileiros
Quando:
 hoje, às 19h, no Canal Brasil