São Paulo, quarta-feira, 05 de setembro de 2007
TEATRO
Possi Neto monta musical filmado por Ettore Scola
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
“Antes, dançávamos juntos; hoje as pessoas dançam sozinhas”, diz o ator Aziz Arbia, por e-mail, à Folha. Ele é um dos protagonistas da montagem francesa da peça “O Baile” (“Le Bal”, 1981), criação do grupo Théâtre du Campagnol, dirigido por Jean-Claude Penchenat (co-fundador do Théâtre du Soleil). A obra ficou mais famosa ao ser filmada pelo italiano Ettore Scola, em 1983.
Mais de duas décadas depois, o Brasil mostra sua versão de “O Baile”, musical que estreou em junho no Rio e estréia hoje no Cultura Artística, em SP.
O roteiro original traz canções e alusões a passagens históricas -sem uso de palavra- para criar um panorama da França dos anos 30 aos 80. “Falávamos de pessoas comuns, de como sobreviveram à guerra. Não há heróis”, diz Arbia.
Penchenat faz questão de que as versões estrangeiras partam da memória do próprio país, como nas recentes montagens tcheca e brasileira. Esta, sob roteiro de Valderez Cardoso Gomes, percorre as décadas de 50 a 80, costurando episódios modernos, arcaicos ou traumáticos: o suicídio de Getúlio Vargas, a Copa de 58 na Suécia, a inauguração de Brasília, o golpe militar de 64, o AI-5, a Copa de 70 e as Diretas.
Com direção geral de José Possi Neto, direção musical de Liliane Secco e coreografia de Carlinhos de Jesus, o musical retrata as diferentes épocas por meio da moda e do comportamento, influenciados pelas culturas européia e americana.
No toca-discos das épocas revisitadas, rodam canções como “Isto Aqui o que É” (1942), de Ary Barroso; “Pafunça” (1958), de Adoniran Barbosa e Oswaldo Molles; “O Bom” (1967), de Eduardo Araújo; “Opinião” (1965), de Zé Ketti e “Começaria Tudo Outra Vez” (1977), de Gonzaguinha. Músicos embalam as performances de 20 atores, entre eles Claudio Tovar, Édi Botelho, Luciano Quirino, Maria Salvadora, Najla Raja, Patricia Carvalho-Oliveira, Sandra Pêra e Tássia Camargo, também produtora.