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Folha de S.Paulo

Grupo Silvio Santos demole sinagoga no Bexiga e teatro Oficina protesta

29.10.2005  |  por Valmir Santos

São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2005

TEATRO 

Grupo faz ensaio aberto amanhã de “A Luta – Parte 2”; Zé Celso prepara rito para lembrar irmão assassinado em 1987

Empresário pretende construir shopping no local

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

O Grupo Silvio Santos iniciou na tarde de anteontem a demolição de imóvel onde funcionava uma sinagoga na rua Abolição, bairro do Bexiga, integrada ao quarteirão onde o teatro Oficina está há 47 anos.

Segundo o diretor José Celso Martinez Corrêa, a movimentação evidencia que já foi iniciada a obra do shopping center que o Grupo Silvio Santos pretende construir no seu terreno. Zé Celso encabeça luta para fazer valer as idéias originais dos arquitetos Lina Bo Bardi (1914-92) e Edson Elito. É deles o projeto de reinauguração do espaço em 1983, quando previam a construção de um “teatro de estádio” na extensão dos fundos e laterais do Oficina.

Em negociações recentes com o Grupo SS, o diretor sugeriu a preservação do prédio do templo israelita, a fim de transformá-lo em sede de uma universidade para formação de artistas.

Por meio de sua assessoria, o engenheiro Eduardo Velucci, porta-voz do Grupo SS, confirma a compra do imóvel que pertencia ao Templo Israelita Brasileiro Ohel Yaacov (rua Abolição, 457).

A Federação Israelita do Estado informa que as atividades da sinagoga foram transferidas provisoriamente para a Associação Beneficente e Cultural B’nai B’rith, no Jardim Paulistano.

O Grupo SS obteve da prefeitura neste mês o alvará para demolição. Segundo o arquiteto Marcelo Ferraz, que junto com Marcelo Suzuki apresentou o projeto arquitetônico que foi acordado pelas duas partes (Silvio Santos e Oficina), a construção do shopping ainda não foi aprovada pelos órgãos municipais. Velucci afirma, no entanto, que a obra deverá ser iniciada no primeiro semestre de 2006.

Zé Celso discorda sobretudo quanto à gestão do “teatro de estádio”, que reivindica para um conselho de artistas e não de empreendedores.

 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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