Folha de S.Paulo
3.3.2005 | por Valmir Santos
São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005
TEATRO
“Farsas Libertinas” estréia amanhã no Crowne Plaza
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
“Se vierem, a diversão será garantida”, diz o diretor Maurício Paroni de Castro, 43, sobre “Farsas Libertinas”, a partir de amanhã em horário maldito, à meia-noite, mas em espaço nobre, o teatro do hotel Crowne Plaza.
O espetáculo com a cia. Atelier Teatral Manufactura Suspeita entra em cartaz após estudo sobre sadomasoquismo, o “Confraria Libertina”, realizado no ano passado na masmorra (“dungeon”) de um clube fetichista paulistano, o Dominna, na Aclimação.
Segundo Paroni, a peça revisita situações e papéis vivenciados no local. É concebida como uma comédia histórica com quadros encenados cronologicamente. Tratam da liberdade da criação erótica através do tempo, da pré-história ao século 19. As cenas remetem a práticas fetichistas diversas: “bondage” (amarração), “spanking” (chicotes), inversão de papéis, travestimentos, masoquismo, tortura psicológica etc.
“Farsas Libertinas” abre ciclo da Manufactura Suspeita com repertório formado por comédias de horror, do gênero francês “grand guignol”, que explora emoções suscitadas nos espectadores por situações escabrosas de dramas realistas, sempre exageradas.
Este gênero surgiu no final do século 19, na França. Espalhou-se por vários países da Europa e foi uma das grandes inspirações do cinema de horror britânico e americano, além do cinema expressionista alemão.
Depois de uma fase realista, o “guignol”, nome de um fantoche no final do século 13, passou a empregar elementos na insígnia da loucura, de fenômenos espíritas e paranormais. São dramas cruéis e violentos, cheios de depravações.
Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.