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Folha de S.Paulo

Marco Ricca conduz o jogo em “Ricardo 3º”

27.5.2006  |  por Valmir Santos

São Paulo, sábado, 27 de maio de 2006

TEATRO 
Com clássico shakespeariano, Jô Soares dirige pela segunda vez em três anos

Elenco reúne expoentes do humor, como Ilana Kaplan, veteranos como Glória Menezes e atores do “circuito alternativo”

VALMIR SANTOS 
Da Reportagem Local 

No terceiro Shakespeare em 30 anos de carreira, somada a fase amadora (já atravessou “A Tempestade” e “Hamlet””), Marco Ricca vive o dissimulado e traiçoeiro Ricardo 3º, personagem-título da peça que ele desejava protagonizar e produzir desde os anos 90. O sonho é materializado no espetáculo que estréia hoje para convidados, no teatro Faap, e cumpre temporada a partir de amanhã. Ricca surge ao lado de 14 atores, um elenco dos mais ecléticos já reunido na cidade. Estão lá comediantes talentosos como Denise Fraga, Ary França e Ilana Kaplan, a contracenar com a experiência de Glória Menezes e Roney Facchini, mesclados a intérpretes projetados na cena mais experimental, como Edu Guimarães, Laerte Mello, Marcos Suchara, Maurício Marques e Maria Manoella. Todos sob a batuta de Jô Soares, que engata o segundo projeto para teatro em menos de três anos (o primeiro foi “FrankensteinS”). O que sugere mais entusiasmo para com a arte que abraçou com mais força nos anos 60 e 70 (leia ao lado). Soares também assina tradução e adaptação da sangrenta história do “javali” que encurrala suas “ovelhas” sem defesa, para usar uma imagem do texto, mas depois acaba ele mesmo enfrentando o resultado do lance de dados que jogou. Essa quintessência do teatro, o jogo, encontra terreno fértil nessa peça do início da carreira de Shakespeare (1593), inspirada nos 30 anos da guerra dos clãs York e Lancaster. Ricca, 43, incorpora as múltiplas faces do conspirador da Coroa, Ricardo 3º. “Tem horas que parece que são dois espetáculos: um faço não para, mas com a platéia, e outro acontece internamente, na maneira de contar essa história”, diz. Estudiosos da obra costumam comparar o encantador e cruel conspirador da Coroa a um mestre-de-cerimônias, em meio ao castelo e campos de batalha. “Não é exatamente o que a gente faz, mas essa leitura é possível, como quem convida à carnificina oficial”, explica o protagonista.



Ricardo 3º

Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, Higienópolis, tel. 0/xx/11/3662-7233) 
Quando: a partir de amanhã, às 18h; qui. e sex., às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 18h. 
Quanto: R$ 50 e R$ 60 (sáb. e dom.) 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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