Folha de S.Paulo
21.12.2006 | por Valmir Santos
São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006
TEATRO
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
O documentário televisivo “Nelson Rodrigues, Personagem de Si Mesmo” (1993), que a Cultura reprisa hoje à noite, é das melhores introduções à vida, à obra e às idéias do genial dramaturgo morto em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos.
Uma coisa é ler Nelson. Bem outra é vê-lo, ouvi-lo. Como sob o fundo azul do extinto “Vox Populi” da mesma TV Cultura, em 1978: “O único lugar onde o ser humano sofre realmente e paga seus pecados é nas minhas peças”, diz, com uma placidez no rosto que contrasta com a voz anasalada e tonitruante.
Em cerca de 60 minutos, a roteirista e diretora Cristina Fonseca compõe um painel farto em registros radiofônicos e de imagens (entrevistas a outras emissoras, além de trechos de filmes, teleteatros, ilustrações, fotografias etc). Plínio Marcos (1935-99), Zé Celso, Antunes Filho, Fernanda Montenegro, Sônica Oiticica, Sábato Magaldi estão entre os depoimentos que ecoam o sentido revolucionário de seu teatro.
O recorte biográfico vem por meio do narrador e das falas de irmãos, da viúva Elza, do filho Nelsinho. O programa deixa entrever ainda a ambígua relação com os militares e o patrulhamento à esquerda e à direita do “feroz moralista” que preferia Chacrinha aos sociólogos.
Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.