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Folha de S.Paulo

Trupe tcheca traz nove esquetes

4.6.2007  |  por Valmir Santos

São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

TEATRO 

O Teatro Negro de Praga reúne seus melhores e mais divertidos números em espetáculo comemorativo dos 45 anos
 

Companhia do diretor e fundador Jirí Srnec faz três apresentações em São Paulo, fundindo música, mímica e artes visuais

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Aos 45 anos, a companhia tcheca Teatro Negro de Praga é referência internacional na criação de formas animadas para o palco. O seu diretor artístico e fundador Jirí Srnec, 75, está de volta ao país com uma espécie de “pot-pourri” de sua trupe. 

Em “O Melhor do Teatro Negro”, de hoje a quarta-feira no Citibank Hall, em São Paulo, estão reunidos nove esquetes fundamentais da trajetória do grupo. 

Segundo Srnec, que é formado em música, artes gráficas e teatro, os quadros sintetizam a linguagem que não faz uso da palavra. São baseados na mímica e na releitura do milenar teatro de sombras chinês. 

No fundo preto do palco, com atores/bailarinos/mímicos visíveis ou ocultos, também eles vestidos de preto, estão em jogo silhuetas, luzes fluorescentes e objetos. A meta é compor narrativas com ênfase na plasticidade e no ritmo musical, cuja concepção também está a cargo de Srnec. 

“O efeito do truque não é o elemento principal, mas o meio para alcançar a metáfora dramática”, diz o diretor. O desafio é organizar essa “brincadeira” diante dos olhos do espectador. Para ilustrar, diz que os atores são como cartunistas a desenhar e depois desmanchar imagens em cena. 

Os quadros
“O primeiro esquete é “A Lavadeira”, nossa obra mestra em 46 anos de história. O enredo é muito simples: duas calças lutam para conquistar o estranho amor da mulher [que as pendura no varal]”, diz Srnec. 

Ele diz que não imaginava que aquele quadro, esboçado em 1959 e estreado oficialmente em 1961, cujo mote é a situação de uma mulher estendendo roupas numa manhã de verão, marcaria o início de toda a viagem artística do Teatro Negro de Praga. 

Em “O Fotógrafo”, um soldado e seu criado se enamoram da mesma moça, triângulo inspirado na linguagem do cinema mudo de Charlie Chaplin e Buster Keaton. 

“As Malas”, que estreou no Festival Internacional de Edimburgo, na Escócia, em 1962, trata de dois homens que se julgam felizes justamente por não terem posses. Até um deles surgir com uma mala pequena e o outro, com uma bem maior, instaurando uma competição. 

“O Violinista” é uma performance sobre um músico que tem problemas para começar a tocar seu instrumento. Tudo parece conspirar contra ele. 

Em “Os Faróis”, o protagonista é um inventor que cria uma poção com a qual pensa que poderá voar. Mas ele a toma em excesso e o efeito reverte para a embriaguez. 

E por aí vão os nove atos. “O espetáculo é cheio de humor. Pode-se assistir a nove exemplos de nosso trabalho nesses 46 anos. São performances ideais para a família inteira. Trazemos esse roteiro aos países latino-americanos porque vocês adoram se entreter com humor”, diz Srnec.

A companhia faz turnês pela região desde a década de 1970. A primeira vez no Brasil foi em 1980, em São Paulo. 

A última foi há três anos, com “Peter Pan”, criação motivada pelo centenário do personagem, um menino que se recusa a crescer, da obra do dramaturgo e novelista escocês James M. Barrie.



O Melhor do Teatro Negro
Quando: de hoje a qua., às 21h30 (únicas apresentações) 
Onde: Citibank Hall (av. dos Jamaris, 213, tel. 6846-6000)
Quanto: R$ 120 a R$ 180
 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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