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Folha de S.Paulo

Com 200 atrações, “Satyrianas” chega “inchada” ao 8º ano

11.10.2007  |  por Valmir Santos

São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

TEATRO

Co-fundador dos Satyros, Ivam Cabral, se diz preocupado em não perder o “espírito amador” nas 80 horas de festa
 

Das 16h de hoje à meia-noite de domingo, espaços da praça Roosevelt e outros pontos da cidade recebem a maratona cultural

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Com 80 horas de atividades, o teatro vira pretexto para a programação das “Satyrianas – Uma Saudação à Primavera”. O evento que a Companhia de Teatro Os Satyros organiza de hoje a domingo, a partir da praça Franklin Roosevelt, na região central de São Paulo, toma proporções de que nem o grupo desconfiava.

Às 16h de hoje é dada a largada para cerca de 200 atrações de teatro, dança, música, literatura e artes visuais. Começa com o show ao ar livre, na praça, do grupo Ilú Oba de Min. Avança até a festa de encerramento, a partir de meia-noite de domingo, no teatro N.Ex.T. (r. Rego Freitas, 454, tel. 3106-9636).

“Neste ano, houve um inchaço que a gente precisa repensar”, diz o ator Ivam Cabral, 42, em avaliação na véspera da abertura. “Relutamos em profissionalizar o encontro justamente para manter o caráter amador”, diz o co-fundador dos Satyros, grupo criado há 18 anos e que, desde 2002, capitaneia o agito de cultura e de diversão na praça Roosevelt.

Público e artistas têm chance de se cruzar de hora em hora, praticamente, entre manhãs, tardes, noites e madrugadas. Todas as apresentações têm acesso livre, mas os organizadores esperam que o espectador colabore, definindo ele mesmo o valor de seu ingresso.

No ano passado, cerca de 12 mil pessoas acompanharam a programação. E a estimativa para este ano? “Só Deus sabe”, afirma Cabral.

O espírito amador que ele evoca é refletido, por exemplo, no mutirão espontâneo da maioria dos artistas. O orçamento geral é de cerca de R$ 25 mil, vindos da Secretaria Municipal da Cultura (em 2006, foram R$ 15 mil).

Segundo Cabral, boa parte dos recursos banca equipamentos e infra-estrutura que, nesta oitava edição, inclui a montagem de uma lona de circo (quadrada) na praça, com capacidade para 200 pessoas. É nesse espaço que acontece o projeto DramaMix.
Parceria dos grupos Satyros e Dramáticas em Cena, o DramaMix reúne 78 dramaturgos, respectivos diretores e cerca de 200 atores para fazer a leitura encenada de textos em intervalos de uma hora.

Entre as personalidades dessa mistura literal, estão os encenadores Gerald Thomas e Gabriel Villela, o ator Marco Ricca, a escritora Veronica Stigger e a apresentadora Adriane Galisteu.

Alguns espetáculos em cartaz em outros endereços da cidade também integram as “Satyrianas”, sob cachê “simbólico”. Caso de “Orestéia – O Canto do Bode”, que o Folias d’Arte apresenta em seu galpão, em Santa Cecília, e “A Casa do Gaspar ou Kaspar Hauser, o Órfão da Europa”, na sede do Ventoforte no Itaim Bibi.

Os Satyros incluem ainda na geografia do evento os seus espaços no Jardim Pantanal, na zona leste, e teatro da Vila, na Vila Madalena, zona oeste

 

 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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