Folha de S.Paulo
13.1.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008
TEATRO
Atriz estréia hoje, no horário do almoço, espetáculo na livraria Cultura
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Domingo, às 13h30, num teatro da avenida Paulista. Feito camicase, imagem que ela mesma sugere, Clarisse Abujamra se aventura em um horário pouco usual e no dia de descanso da maioria para reestrear temporada de “Antonio – Da Tua Tão Necessária Poesia”.
Com este espetáculo -ou “show”, conforme ela prefere chamar-, a partir de hoje, no teatro Eva Herz, na livraria Cultura do Conjunto Nacional, Clarisse aposta que boa parte parte dos clientes -leitores e potenciais espectadores- retardará o almoço para passar cerca de uma hora em companhia dos versos de Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Bertolt Brecht, Federico García Lorca, Fernando Pessoa, Florbela Espanca e outros.
O horário alternativo foi “testado” em dezembro, conta a atriz, quando se apresentou no mesmo espaço e teve de colocar cadeiras extras. “Foi um escândalo [a recepção]. Por isso fomos incentivados a voltar e arriscar. O horário é a grande cartada”, diz.
Clarisse circula com o espetáculo desde o início dos anos 2000, em apresentações pontuais. Agora, dirigindo a si mesma (antes era Márcia Abujamra, com quem divide o roteiro), ela é acompanhada ao teclado pelo irmão Ivam Abujamra.
A intérprete de 59 anos se diz convencida de que o público será tocado pela “delicadeza” do projeto. Em suma, ela acopla autores ao recorte autobiográfico dos “Antonios” com os quais conviveu e se envolveu até aqui, devidamente espelhados no sujeito do título.
“Cada texto ilumina as situações por que passei, são superinteligentes, bem-humorados. Nenhuma palavra é “fake”. Quando se fala do micro, fala-se do macro, não é questão de colocar meu umbigo em cena”, diz a atriz. “Estou me usando como veículo das possibilidades do amor. A platéia morre de rir e se emociona.”
Clarisse afirma que o show lhe permite, ainda, “o trunfo de quebrar o preconceito que as pessoas têm da poesia”. Diz que não se trata de um recital, mas um show, em que palavra e música farão o espectador “ir ao encontro, a um só tempo, do romance e da sensibilidade, fechando um ciclo que é um tesão”.
Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.