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Folha de S.Paulo

Espetáculo na Patriarca une Oriente e cultura popular

13.2.2008  |  por Valmir Santos

São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

TEATRO 

VALMIR SANTOS 
Da Reportagem Local 

O Ponkã (1983-91), um dos coletivos artísticos que ajudou a firmar as artes cênicas experimentais em São Paulo com influências orientais, é evocado no novo espetáculo do grupo de teatro de rua Buraco d’Oráculo, que completa uma década neste ano e tem sua base em São Miguel Paulista, zona leste. 

Um dos protagonistas da trajetória do Ponkã, ao lado de artistas como Luiz Roberto Galizia, Paulo Yutaka, Celina Fuji e Alice K., o ator e diretor convidado Paulo de Moraes, 51, é quem faz a ponte no espetáculo “ComiCidade”, que estréia hoje na praça do Patriarca, no centro. 

Ele afirma que o projeto com o Oráculo não transpõe a linguagem que o seu grupo acumulou em montagens como “Pássaro do Poente”, de Carlos Alberto Soffredini, dirigida por Marcio Aurélio. 

O grupo de rua o convidou para um trabalho de “limpeza gestual” dos atores. Uma das especialidades de Moraes é a preparação corporal com ênfase em técnicas japonesas. Não demorou para que ele introduzisse o Oráculo nas histórias curtas do kyogen, comédia clássica japonesa de extrato rural, em voga nos séculos 14 e 15. As farsas eram contrapostas ao rigor do drama “nô”. 

Em 1991, o Ponkã (nome inspirado na fruta derivada da mistura da laranja com a mexerica) levou o gênero à cena com “Quiogem – Loucas Palavras”. 

Moraes adaptou “à brasileira” as histórias, que giram em torno do ladrão enganado por sua vitima, da mulher que apanha do marido e se rebela, dos muambeiros que vendem gato por lebre e dos empregados que enganam seu patrão. 

“A nossa inspiração sempre foi a cultura popular, a abordagem de situações vividas por pessoas comuns, e o kyogem encaixou-se perfeitamente à proposta”, diz um dos fundadores do Buraco d’Oráculo, Adelino Alves, 31. 

Ele contracena com Edson Paulo, Lu Coelho e os atores convidados Selma Pavanelli e Johnny Jhon. 

Também participam da equipe artistas oriundos de grupos recém-nascidos na zona leste por meio de oficinas do Oráculo, como Arruacirco (Itaim Paulista) , Teatristas Periféricos (Cidade Tiradentes) e Nascidos do Buraco (São Miguel).



Peça: Comicidade
Quando: estréia hoje, às 17h; dias 15/2, 20/2, 22/2 e 29/2; e 5/3, 7/3, 12/3 e 14/3 
Onde: pça. do Patriarca 
Quanto: entrada franca 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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