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Folha de S.Paulo

Curitiba promove diálogos de teatro, circo e dança

19.3.2008  |  por Valmir Santos

São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

TEATRO

Com 21 espetáculos na mostra oficial e 251 atrações na alternativa, 17ª edição do festival começa amanhã
 

Festival relembra sua primeira edição há 17 anos com presença dos diretores Gerald Thomas e Gabriel Villela, que dirige “Salmo 91”

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

 
A partir deste ano, sem a palavra “teatro” em sua razão publicitária, o 17º Festival de Curitiba quer ampliar o guarda-chuva sobre as artes cênicas, como se verá na mostra oficial, de amanhã a 30 de março.

Há hibridismos como dança-teatro ou circo-teatro entre os 21 espetáculos. Casos da Cia. Débora Colker, que pré-estréia “Cruel”, movimentos em torno de narrativas cômica e trágica, e a Intrépida Trupe, com o seu “Metegol” (2006), metáfora do jogo de pebolim como metáfora da paixão pelo futebol.

A única atração internacional também é uma coreografia contemporânea de dança-teatro, “Júpiter: A Conquista da Galáxia”, da Cia. Condors, assinada por Ryohei Kondo, que satiriza a cultura pop japonesa.

No plano propriamente do teatro que lhe deu origem, em 1992, e transformou a capital paranaense em importante corredor cultural, o Festival de Curitiba volta ao início com as presenças emblemáticas de Gerald Thomas e Gabriel Villela.

Os diretores participaram da primeira edição, quando o atual diretor-geral do evento, Leandro Knopfholz, tinha 18 anos, então co-idealizador do sonho materializado, já na gênese, na estrutura arquitetônica circular da Ópera de Arame, erguida numa pedreira desativada.

Thomas e a Cia. de Ópera Seca apresentam programa com suas peças recentes, na mesma noite: “Terra em Trânsito” e “Rainha Mentira/Queen Liar”. Villela, “Salmo 91”, a adaptação de Dib Carneiro Neto para “Carandiru”, de Drauzio Varella.

Musical
O único representante do gênero musical é “Beatles – Num Céu de Diamantes”, do Rio. A dupla Charles Möeller e Claudio Botelho entrelaça as canções inglesas, não-traduzidas, em roteiro que pretende dar conta da trajetória do quarteto de Liverpool. O espetáculo é anunciado como “estréia”, mas não é; fez temporada carioca.

Também são acolhidos projetos artísticos nascidos no Paraná e que se auto-exilaram em outros Estados, como a Armazém Cia. de Teatro, de Londrina, radicada no Rio, que leva “Mãe Coragem e Seus Filhos”, de Brecht.

A Cia. Os Satyros, que também tem histórico de manutenção de espaço em Curitiba, apresenta sua versão para o clássico “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, com Norma Bengell à frente do elenco. O grupo faz ainda residência que culmina com a intervenção “A Fauna” na periferia da cidade.

“Aqueles Dois”, com a Cia. Luna Lunera, de Belo Horizonte, é exemplar de coletivos dedicados a experimentos, incomum na grade oficial. Recria conto homônimo de Caio Fernando Abreu. A mostra paralela atrai artistas de várias regiões do Brasil. São estimadas 251 atrações neste ano, entre rua, palco e espaço alternativo. O orçamento do festival é de R$ 2,8 milhões.



17º Festival de Curitiba
Quando:
de amanhã a 30/3
Quanto: R$ 30 (Mostra Oficial) e de entrada franca a R$ 30 (Fringe, mostra paralela). Bilheteria central no Park Shopping Barigüi (r. Pedro Viriato Parigot de Souza, 600, tel. 0/xx/11/4003-4138). Seg. a sex., das 11h às 23h; sáb., das 10h às 22h; e dom., das 14h às 20h. Também à venda em quiosques do Barra Shopping (Rio), do shopping Morumbi (São Paulo) ou pelo site Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br). Mais informações em www.festivaldecuritiba.com.br 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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