Com uma carreira impregnada pelos pensamentos político e artístico de Bertolt Brecht (1898-1956), desde os tempos em que atuava no teatro Oficina, na década de 70, Esther Góes afirma ter levado “um susto” ao mergulhar na biografia de Helene Weigel (1900-1971), a atriz e companheira do poeta e dramaturgo alemão. “Helene é uma figura que desconhecemos.
São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008
TEATRO
Esther Góes encena fases da vida da atriz e militante Helene Weigel antes do casamento com dramaturgo
Sob direção de Ariel Borghi, monólogo faz citações a “Mãe Coragem”, do alemão, e recorre a projeções de fotos históricas e vídeos
Esther Góes encena fases da vida da atriz e militante Helene Weigel antes do casamento com dramaturgo
Sob direção de Ariel Borghi, monólogo faz citações a “Mãe Coragem”, do alemão, e recorre a projeções de fotos históricas e vídeos
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Com uma carreira impregnada pelos pensamentos político e artístico de Bertolt Brecht (1898-1956), desde os tempos em que atuava no teatro Oficina, na década de 70, Esther Góes afirma ter levado “um susto” ao mergulhar na biografia de Helene Weigel (1900-1971), a atriz e companheira do poeta e dramaturgo alemão. “Helene é uma figura que desconhecemos.
Conhecemos uma certa imagem dela, a senhora fotografada nos anos 50 protagonizando “Mãe Coragem” no Berliner Ensemble [o lendário teatro que fundou com Brecht]. Mas houve o percurso anterior, o exílio, a juventude dela nos anos 20, as opções daquela geração que reafirmou a liberdade de forma incondicional”, diz Góes, 62.
A atriz interpreta o monólogo “Determinadas Pessoas -0Weigel”, que entrou em cartaz ontem no Sesc Santana. E costura a dramaturgia com Ariel Borghi, o filho que aqui também a dirige.
Jovem Weigel
As vidas de Brecht e Weigel se embrenham, evidentemente, mas o recorte aqui é pela jovem mulher.
“É impressionante tudo o que ela e outras já propunham no que diz respeito à autonomia. Weigel queria realizar a sua própria história, não acreditava em vínculo por interesse, arcava com tudo o que fazia, não admitia ser sustentada. Ficou muito chateada ao recorrer ao dinheiro do marido no exílio. Antes disso, já usava calça comprida. O que o movimento feminista, do qual fiz parte, fez nos anos 60 e 70 não chega a ser um pálido reflexo do que a geração dela viveu, propôs e peitou”, diz Góes. Para distinguir mito e realidade, Góes e Borghi viajaram à Alemanha em 2006. Conheceram a biógrafa de Weigel, Sabine Kebir. Acessaram arquivos de imagens e documentos que serviram à concepção da peça, que recorre a projeções de fotos e de vídeos.
São evocadas fases da personagem, como a militância de esquerda no Teatro Proletário, do diretor Erwin Piscator, e também no Partido Comunista. Há citações a “A Mãe” e “Mãe Coragem”. Esther Góes já viveu a pintora Tarsila do Amaral e a escritora Virginia Woolf, por exemplo, mas nunca uma atriz, e ainda marcada pela discrição. “Helene era silenciosa. Como grande articuladora política, sabia que era bom falar pouco e fazer. A emoção só aparecia em cena, por meio das personagens.”
Peça: Determinada pessoas- Weigel
Quando: sex. e sáb., às 21h; e dom., às 19h. Até 27/4
Onde: Sesc Santana – teatro (av. Luiz Dumont Villares, 579, tel. 0/xx/11/ 2971- 8700)
Quanto: R$ 4 a R$ 16