Nota
28.9.2014 | por Teatrojornal
A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, cumpre turnê pela argentina desde 27 de agosto até 4 de outubro. Estão programadas 12 apresentações do espetáculo de rua Amargo santo da purificação (2008), que retrata vida e pensamento do guerrilheiro e poeta Carlos Marighella (1911-1969), e seis da ação performativa Onde? Ação n° 2, que discute de forma poética o trauma dos desaparecidos políticos na América Latina, também ecoado na pesquisa em torno de Viúvas – Performance sobre a ausência (2011).
Algumas das sessões são acompanhadas por membros do movimento pelos direitos humanos Memória, Verdade e Justiça, como na performance apresentada diante do prédio da Polícia Federal na cidade de Neuquén, na região da Patagônia. O local ficou conhecido como um centro de tortura e detenção de presos políticos durante a ditadura civil-militar no país (1976-1983).
O projeto faz parte do 9º Circuito Nacional de Teatro, organizado pelo Instituto Nacional del Teatro, o INT argentino, e, no caso da participação do Ói Nòis, fruto de intercâmbio do organismo com o Porto Alegre em Cena – Festival Internacional de Artes Cênicas, que recém-encerrou sua 21ª edição.
As duas criações coletivas estão entre os 18 espetáculos internacionais selecionados para rodar por todas as províncias do país vizinho, inclusive compondo programação de festivais no meio do caminho.
Trata-se de rara oportunidade de troca cultural e artística. Na semana passada, por exemplo, os mais de 20 atuadores se encontraram com dois núcleos referencias do chamado teatro independente latino-americano, aquele afeito ao teatro de pesquisa: o boliviano Teatro de Los Andes, que circula com Hamlet, e o equatoriano Malayerba, com Instrucciones para abrazar el aire. Ocasiões em que alguns dos respectivos integrantes ou fundadores foram entrevistados para a revista Cavalo Louco. O conteúdo virá à luz na publicação idealizada pelos próprios gaúchos.
No site do Ói Nóis, lemos que os encontros proporcionados pela viagem “são uma forma de ampliar e fomentar a discussão sobre o teatro independente na América Latina e aprofundar a relação das manifestações artísticas engajadas, com ações militantes, reafirmando a ideia de um teatro comprometido, a favor da construção da cidadania e cumprindo também um importante papel de manutenção da memória, como forma de reconstrução da identidade.”
.:. O site da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, aqui.