São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007
TEATRO
Mostra tem sete peças de São Paulo e uma do Rio, a maioria delas premiada
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Com a primeira “Mostra de Solos”, de hoje a domingo, o Espaço Parlapatões oferece ao público (cúmplice do intérprete que ocupa a cena sozinho) um painel significativo da produção recente do formato.
O monólogo costuma refletir modo de produção mais barato.
Daí o pé atrás: precisa de muito talento para dizer a que veio. É chance para ver ou rever espetáculos, em sua maioria premiados. São sete de São Paulo e um convidado do Rio, “A Descoberta das Américas”, que abre o evento hoje.
Essa adaptação da peça do italiano Dario Fo (“Johan Padan a La Descoverta de La Americhe”), defendida por Julio Adrião e dirigida por Alessandra Vannucci, é exemplo de bem-sucedida recepção do formato. Adrião levou o Prêmio Shell de Teatro de 2005, no Rio, de melhor ator com as desventuras de um “zé ninguém” às voltas com a fogueira da inquisição, a caravela de Colombo, naufrágio e índios antropófagos. Além da palavra, põe em evidência a dramaturgia do corpo. São mínimos os recursos de cenografia, figurinos e luz.
Dosagem oposta à de Marat Descartes em “Primeiro Amor”, conversão para o palco do romance de Samuel Beckett, sob direção de Georgette Fadel.
Shell de melhor ator em SP, em 2006, Descartes surge contido num banco, a narrar uma desalentadora iniciação amorosa.
Na quinta-feira, o também premiado Henrique Schafer (Shell SP 2005 de melhor ator) valoriza a expressão física em “O Porco”, do francês Raymond Cousse, com direção Antonio Januzelli. Trata da reconstituição de momentos da vida do animal “humanizado” do título: antepassados, família, condição social, desejos etc. São duas as peças de sexta.
Mário Bortolotto interpreta “Kerouac”, com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça e direção de Fauzi Arap. E Maíra de Andrade protagoniza “Mukhtaran – Ensaios Sob a Guerra”, texto e direção de Eugênia Thereza de Andrade.
Sábado tem mais jornada dupla. “Horácio”, de Heiner Müller, com direção e atuação de Celso Frateschi. E “Prego na Testa”, de Eric Bogosian, com o parlapatão Hugo Possolo e direção de Aimar Labaki.
Lígia Cortez encerra o evento no domingo, com “A Entrevista”, texto de Samir Yazbek e direção de Marcelo Lazzaratto.