10.6.2025 | por Teatrojornal
No prefácio à mais recente tradução de As veias abertas da América Latina no Brasil, de 2010, o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) admitiu: “Sei que pode parecer sacrílego que este manual de divulgação fale de economia política no estilo de um romance de amor ou de piratas”. Por manual de divulgação entenda-se “um inventário da dependência e da vassalagem de que a América Latina tem sido vítima, desde que aqui aportaram os europeus no final do século XV”, como informa a L&PM Editores na contracapa.
O livro mais conhecido do ensaísta e ficconista inspira a pesquisa e criação do 14º espetáculo da Aquela Cia, Veias abertas 60 30 15 seg, no marco dos 20 anos de trabalho continuado na cidade do Rio de Janeiro, manejando memória coletiva, fabulação e imaginário social no campo das artes da cena, como se viu em Caranguejo overdrive (2015) Guanabara canibal (2017). A temporada de estreia nacional acontece no Sesc Pompeia, em São Paulo, entre 11 de junho e 4 de julho.
Leia mais12.5.2025 | por Teatrojornal
São múltiplas as afinidades entre os campos da advocacia e do teatro. Dramaturgias de diferentes regiões do planeta abordam noções de moralidade, ética e justiça em processos envolvendo defensores que despontam ao lado de seus clientes e em meio a juízes, promotores e júri. Já a técnica de interpretação costuma ser veiculada em cursos livres como ferramenta para o desempenho profissional em tribunais. No caso do espetáculo Lady Tempestade, a filosofia de vida, a militância e a coragem do trabalho da advogada Mércia Albuquerque Ferreira (1934-2003) estruturaram o ofício de defensora de pessoas presas, torturadas e muitas assassinadas por fazerem oposição à ditadura civil-militar (1964-1985) em Pernambuco e outros estados vizinhos na esteira do golpe que depôs o presidente democraticamente eleito João Goulart (1919-1976).
Leia mais8.4.2025 | por Teatrojornal
Nelson Rodrigues tinha 43 anos quando Bertolt Brecht morreu, em 14 de agosto de 1956, aos 58 anos. O brasileiro escreveu 17 peças em 37 anos, de 1941 a 1978. Viveu 68 anos. Consta que o alemão concebeu pelo menos 48 textos para teatro ao longo de 41 anos, de 1913 a 1954, inclusive quando passou 15 anos no exílio. As obras de Rodrigues (1912-1980) e Brecht (1898-1956), portanto, são filhas do século XX e seguem permeando a cena brasileira, a despeito das temáticas e linguagens diametralmente opostas.
Ambos os dramaturgos estão presentes na temporada de abril na cidade de São Paulo com as estreias de Gente é gente, no Sesc Vila Mariana, espetáculo livremente inspirado na peça Um homem é um homem, de Brecht, escrita entre 1926 e 1956, com direção de Marco Antonio Rodrigues, atuações de Aílton Graça, Dagoberto Feliz, Nábia Villela e demais artistas, sob direção musical de Zeca Baleiro, e de Senhora dos afogados, no Sesc Pompeia, a partir de 25/4, segundo abraço da atual Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona a Nelson Rodrigues em 66 anos de trajetória, desta vez sem a presença de José Celso Martinez Corrêa (1937-2023), que encenou Boca de ouro em 1999. A responsabilidade agora cabe à diretora convidada Monique Gardenberg. O elenco soma Marcelo Drummond, Sylvia Prado, Leona Cavalli, Giulia Gam, Regina Braga, Cristina Mutarelli, Michele Matalon, Muriel Matalon e Roderick Himeros, dentre 23 atuantes e três músicos.
Leia mais8.3.2025 | por Teatrojornal
Uma maneira de saber como a ação humana molda o tempo histórico é ir ao encontro da produção artística. Quando o espetáculo ou a performance revisitam o passado como território de embate, por exemplo, as contradições em torno dos acontecimentos e períodos-chave tornam-se mais evidentes, no sentido das discrepâncias entre noções de progresso e de civilização.
Essa percepção pode ser notada em três peças na cidade de São Paulo que pisam os lugares da história, da memória e da imaginação movidas pelo direito à justiça e à vida. São elas TYBYRA: Uma tragédia indígena brasileira, com dramaturgia e atuação de Juão Nyn, em temporada de 7/3 a 4/4 no Sesc Avenida Paulista. Restinga de Canudos, criação da Cia do Tijolo, de 14/3 a 27/4 no Sesc Belenzinho. E Pai contra mãe ou Você está me ouvindo?, do Coletivo Negro, sob direção de Jé Oliveira, de 22/3 a 26/4 no Teatro Anchieta do Sesc Consolação.
Leia mais31.1.2025 | por Teatrojornal
No país de Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga, Donga, Pixinguinha, Zé Coco do Riachão e Helena Meirelles, para pinçar alguns nomes, a música costuma ser parceira de primeira hora nos trabalhos de artes cênicas. Inclusive, quando avança para além do território brasileiro. A fartura dessa sofisticada relação pode ser experienciada nas formas e temas de três espetáculos teatrais em cartaz em fevereiro em unidades do Sesc São Paulo na capital.
A banda épica na NOITE DAS GERAIS, criação coletiva da Companhia do Latão (SP), estreia dia 14/2 no Sesc 14 Bis. Furacão, com o grupo Amok Teatro (RJ), segue até dia 16/2 no Sesc Santana. Já Nossa história com Chico Buarque, sob direção de Rafael Gomes e produção da Sarau Cultura Brasileira (RJ), cumpre temporada até 28/2 no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros.
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