26.8.2006 | por Valmir Santos
São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006
TEATRO
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
O amor homossexual aflora em pleno campo de concentração nazista. “Bent”, peça que o norte-americano Martin Sherman escreveu em 1979 e já foi adaptada para o cinema (Sean Mathias, 1997), ganhou montagem carioca no ano passado. E o público de São Paulo pode assisti-la no Sesc Avenida Paulista, onde estreou ontem.
Uma das cenas mais citadas da obra é a de sexo entre os personagens Max (Augusto Zacchi), preso ao tentar fugir para Berlim, pela condição de judeu, e Horst (Gustavo Rodrigues), perseguido por assinar um manifesto em favor dos direitos dos homossexuais. Max, um “bon vivant” trapaceiro, tem sua identidade transformada (ou descoberta). Obrigado por policiais a espancar seu namorado até a morte, quando detido, ele reafirmará sua sexualidade em condições subumanas.
“A imagem que tenho da peça é a da flor de lótus que nasce num lugar cinza, em todos os sentidos. Beleza e dor”, diz Zacchi, 29. Para Rodrigues, 30, a peça transita ainda por outras quebras de preconceito. “A aceitação do outro, do diferente, passa também pela crença, pela ideologia, pela raça”, diz o ator. O que justifica a contemporaneidade do texto montado 25 anos atrás por Roberto Vignati, no Rio.
A nova versão brasileira é dirigida por Luiz Furlanetto, o mesmo de “Trainspotting” (2001), para quem “Bent” é “um grito de alerta”. Ele co-criou o espaço cenográfico formado por ferro e pedra, onde circulam ainda os atores Rodrigo Pandolfo, Miro Marques, Frederico Lessa e Allan Souza Lima, além do cantor Breno Pessurno.