18.4.2021 | por Valmir Santos
Na dramaturgia de Silvia Gomez, são muitas as portas da percepção abertas a um campo verbal que costuma partir de sintomas psicossociopolíticos para reimaginá-los em outras esferas. Essa pulsão que por vezes pode aparentar escapismo, numa apreensão superficial, não se demora em mostrar que o fosso é mais embaixo. A também jornalista fabula com arrojo ao iluminar porões do inconsciente do sujeito e da sociedade. Relativiza certezas ao conduzir a conversa em outros termos imaginários linguísticos. Isso fica patente em A árvore, da lavra recente e seu primeiro monólogo.
Leia mais20.11.2015 | por Maria Eugênia de Menezes
Todos podem estar em todos os lugares. E têm os mesmos direitos. Mas, estranhamente, acostumamo-nos a conviver com plateias brancas. Em São Paulo, 2015, ainda soa natural que todos os que se sentam ao seu lado sejam brancos. Como se fôssemos regidos por uma canhestra – e bem pouco razoável – lei universal de separação de corpos.
O topo da montanha, em cartaz no Teatro Faap, vem falar do ápice do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. Leia mais
Levar a vida é preciso: aproveitar o momento, não se preocupar muito porque tudo passa rapidamente. Eis a receita do homem contemporâneo para escapar do trágico. Incêndios, espetáculo do autor libanês Wajdi Mouawad protagonizado por Marieta Severo, vem demonstrar quão tolo – ou inútil – pode resultar esse estratagema do nosso tempo. Da tragédia não se escapa. O terrível não respeita nossos planos, não se curva às nossas conveniências. Não existe consolo, esse artista parece nos dizer. Mas existe o afeto. Leia mais
13.7.2014 | por Valmir Santos
A mitologia grega pondera deuses com virtudes e defeitos humanos. Vide a frequência com que os baixam do Olimpo para interagir com os mortais. Numa de suas incursões como autor teatral, Woody Allen clama a Zeus, senhor do raio e do trovão, para salvar um grupo de humanos “agradecidos, mas impotentes”. Na comédia Deus (1975), do cineasta, os protagonistas são um ator e um dramaturgo pelejando para encontrar o melhor fim de uma história transcorrida na Grécia Antiga. Já a peça brasileira O livro de Jó (1995), de Luís Alberto de Abreu, sob premiada atuação de Matheus Nachtergaele no Teatro da Vertigem, a inspiração vem da passagem bíblica em que criador e criatura se confrontam. No enredo, homem fervoroso é exortado à provação acometido pelas chagas e pelo abandono da mulher, transbordando questionamentos. Leia mais
17.3.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
Misericordioso, justo, piedoso. Mas também vingativo. Dado a rompantes de ódio e caprichos inexplicáveis. Deus não está nada satisfeito. Está descontente com o homem. Imensamente decepcionado consigo próprio. Não sabe mais o que fazer. E, depois de muito relutar, resolveu partir para a terapia. Leia mais