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“Vilela leva à cena vozeirão de Cauby"

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“Vilela leva à cena vozeirão de Cauby"

Folha de S.Paulo

São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

TEATRO 
Em tributo ao cantor, ator produz e co-dirige com Flávio Marinho musical que estréia amanhã em SP

VALMIR SANTOS 
Da Reportagem Local 

Diogo Vilela não tem notícias de que Cauby Peixoto tenha assistido a “Cauby! Cauby!”, o musical. Foram 11 semanas em cartaz no Rio. “A família dele viu”, diz o ator. Agora, são mais 11 semanas em São Paulo, onde o cantor terá chance de ver o que se canta e conta de sua vida. 

Vilela diz saber o que quer quando se propõe a produzir e estrelar uma biografia musical. Ele já dirigiu um espetáculo sobre Elis Regina (2002) e protagonizou outro sobre Nelson Gonçalves (1996). 

“O desafio é contar a história do biografado e torná-la verossímil, de maneira que exista uma dramaticidade sempre pungente, principalmente quando se trata de Cauby, dono de uma teatralidade natural”, diz Vilela, 48. 

Muitos dos acertos de “Cauby! Cauby!” ele credita ao autor, Flávio Marinho, com quem divide a direção. É a primeira parceria deles. 

A peça fala de um artista que acredita ter que viajar ao exterior para ser feliz. “A melancolia é muito forte no espetáculo”, diz Vilela. 

A cronologia da vida e da carreira de Cauby não é linear. O personagem conversa com um jovem jornalista, com quem estabelece “um jogo de memória”. O repórter, interpretado por Rodrigo França, transforma-se ao longo do diálogo, refutando possível descaso quanto à geração de Cauby. Quando toca em um assunto, esse surge algumas cenas adiante. 

“O jornalista e o público vão se ajustando ao tempo de Cauby e ao curso da história do próprio país”, diz Vilela. 

“Criamos “pilares” como Di Veras, espécie de alter ego das situações que o Cauby viveu. Ele se valia muitos das amigas, da Ângela Maria, da Lana Bittencourt, da Maysa, que não aparece, mas é citada.” 

Segundo o ator, há passagens doloridas, como aquela em que se fala do ostracismo que Cauby experimentou pós-bossa nova. De acordo com Vilela, a história emana algo de Fausto, o personagem de Goethe que “vende a alma ao Diabo”, Mefistófeles, em troca de sucesso. 

“É legal exercitar coisas que aprendi nesses quase 36 anos de carreira, com personagens de diversas faixas etárias”, diz Vilela, que já fez “Hamlet”, de Shakespeare, e “Diário de um Louco”, de Gógol. 

Vilela relata que a pesquisa de campo (assistiu a vídeos e a pelo menos quatro shows) e os estudos de técnica vocal lhe consumiram três anos. “Você diz isso no Brasil e ninguém acredita, mas é verdade”, afirma o barítono.



Cauby! Cauby!
Onde:
teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2.823, tel. 0/xx/11/3083.4475) 
Quando: estréia amanhã, às 21h; sex., às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 18h. Até 17/12 
Quanto: R$ 90