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Folha de S.Paulo

Grupo vê Shakespeare com sotaque nordestino

17.9.2005  |  por Valmir Santos

São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2005

TEATRO

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Com 12 anos nas costas, muito zelo e autocrítica para o que põe em cena, sobretudo quando se trata de dialogar com o maior autor de todos os tempos, o grupo Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), pisa no palco do Sesc Anchieta, das salas mais bem equipadas de São Paulo, como conseqüência natural de seu trabalho.

Chega com “Muito Barulho por Quase Nada”, montagem que apresentou no último Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, em julho, e caiu nas graças do público e da crítica.

Daí a acolhida de quatro semanas da comédia na qual o dramaturgo inglês cai no forró. É um espetáculo impregnado de música. Sete atores cantam e tocam instrumentos para narrar os vaivéns amorosos e espinhosos de “Muito Barulho por Nada”, o título original da peça do século 16.

Cruzam-se a paixão de Cláudio (George Holanda) e Hero (Nara Kelly) e as farpas não menos amorosas de Benedicto (Marco França) e Beatriz (Renata Kaiser). O patriarca Leonato (César Ferrário), viúvo, quer ver sua sobrinha Beatriz e sua filha bem casadas; há um vilão, Dom John (João Júnior), que trama desavenças.

Segundo o co-diretor, Fernando Yamamoto, que assina ao lado de Eduardo Moreira (grupo Galpão, de MG), a idéia é apropriar-se de elementos da cultura popular potiguar, mas sem dissociá-los do espaço urbano. Esse equilíbrio reforçaria a universalidade da obra.

“Como nordestinos, queremos encontrar esse meio-termo entre o clássico e o nosso sotaque de fazer o Shakespeare”, diz Yamamoto. O grupo não envereda pela linguagem do palhaço, mas usa o espírito da comunicação com o público. 



Muito Barulho por Quase Nada
Quando: sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 9/10 
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234-3000) 
Quanto: R$ 20

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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